Tenho definido muitas palavras que intitulam meus artigos, mas nunca dicionarizei, nem estabeleci a etimologia do verbete “Palavra”… Emprego-a agora inspirado numa antiga locução que anda sem uso nos dias de hoje: “Dou a minha palavra”.
Em português, “Palavra” deriva do latim parábola, que por sua vez deriva do grego parabolé. É um substantivo feminino, uma unidade da língua escrita com o significado de nota ou comentário que foi registrado, anotado; anotação, apontamento, registro.
Aldous Huxley escreveu que “apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. ” Por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana.
Assim vou abranger a sinonímia de palavra no sentido de acordo, ajuste, combinação, compromisso, pacto e promessa; enfim, vê-la como obrigação. Preocupa-me a falta de palavra nos poderes da República: falta-lhes respeitar os juramentos e voltar atrás do que estabelecem.
Entristece-me em ver que após a legislação que deu fim à famigerada contribuição sindical, o governo Temer insista em doar às centrais sindicais dominadas por pelegos, R$ 500 milhões do dinheiro público.
Aflige-me ver a bandalheira reinante no Congresso Nacional, com os parlamentares tratando apenas de interesses próprios e partidários e não dos anseios nacionais.
Indignava-me – o verbo agora vai no passado – como vinha sendo feita a Justiça em nosso País, principalmente nos tribunais superiores, com julgamentos seletivos e privilégios a personalidades condenadas.
Minha indignação morreu nas prainhas do Rio Guaíba com o forte eco da sentença proferida pelos três desembargadores do TRF.4, confirmando à unanimidade a condenação de Lula da Silva pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A sessão jurídica calou o grito rouco do lulopetismo pedindo provas. O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo, foi de uma transparência cristalina: Há provas, sim, “testemunhais e documentais” de que o ex-presidente é dono do imóvel, e que a OAS é apenas “laranja” dele.
Os votos dos desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus que se sucederam ao Relator, destacaram também a culpabilidade de Lula como agravante para o aumento da pena, pelos crimes terem sido praticados por um ex-presidente da República.
É por isso, que lembro o grito do libertário Bertold Brecht realçando o esquete de François-Guillaume “O Moleiro de Sans-Souci”: “AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM! ”. Substituo-o por “AINDA HÁ JUÍZES NO BRASIL!”.
As palavras gravadas em ferro e fogo nos votos dos desembargadores, sustentando a decisão do juiz Sérgio Moro no processo movido pelo MPF, lembram a história de Frederico II, rei da Prússia, visitando a construção do seu palácio, quando não gostou de um casebre na paisagem e mandou que pagassem ao dono para demoli-lo.
O proprietário, um moleiro, não aceitou a proposta e desafiou o rei a expulsá-lo, com as palavras: “Há Juízes em Berlim”, indo ao encontro da lição de Rui Barbosa “A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade”.
Dessa maneira, já não me angustia esta primeira etapa do processo. O Brasil não acabou e fica esclarecido que o lulopetismo perdeu a força; manifestações convocadas fracassaram e a antiga militância perdeu a fé…
Para Lula e aos que ainda o acompanham com o espernear de uma defesa fraudulenta, repito com Mark Twain: “Nestas circunstâncias, um palavrão provoca um alívio inatingível até pela oração”…
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