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Os Três Porquinhos

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Nunca é demais discutirmos a cultura e a sua fatia que ajuda a formação do caráter das pessoas: A literatura infantil. Olhem em torno e vejam como as crianças da sua família que lhe cercam, conhecem a história d’ “Os Três Porquinhos e o Lobo Mau”; mas nem eles, nem os adultos que lhes contaram ou presentearam com livros, discos e fitas, sabem que o seu criador foi um australiano, Joseph Jacobs, nascido em 1853…

Estudioso do folclore inglês e irlandês, Jacobs deixou para o mundo essa historieta que se abrilhantou com uma magnificência de cores e de sons graças à genialidade de Walt Disney, com cinco lindos desenhos animados inspirados no The three little pigs and the big bad wolf.

A primorosa fábula foi transmitida oralmente no Brasil pela valorosa elite letrada da classe média, vilipendiada na Era Lulo-Petista, por ser letrada e classe média. Foram as vovós e as titias que divulgaram o rico fabulário mundial, desenvolvendo e multiplicando histórias vindas da Europa e da comunicação oral das mucamas recontando contos trazidos da África ou recebidos do folclore indígena.

A dita literatura infantil, porém, nem sempre foi infantil. Estudiosos dizem que se originou da coletânea oriental “As Mil e Uma Noites”, de contos populares indianos, egípcios, persas, chineses e árabes, de épocas remotas, perdidas no tempo.

A coleção traz as narrativas da jovem Sherezade encantando o sultão Shariar com a narrativa de histórias. Ele se vingava das suas mulheres por uma traição sofrida da sua esposa predileta com um escravo; então, se casava e cruelmente mandava matar a noiva após a lua-de-mel para não se arriscar mais à infidelidade.

Após diversas mulheres sofrerem esse triste destino, Shariar casou-se com a bela Sherezade. Tendo acompanhado as execuções e esperando a sua vez, Sherezade, para se salvar, havia criado um Plano B.

Decorou uma grande variedade de enredos (as novelas daquele tempo) e após o casamento, recolhendo-se aos aposentos reais e resolvidos os finalmente, começou a contar curiosas tramas  deixando em suspense o seu fim, ao raiar do dia.

Por ter despertado a curiosidade de Shariar negaceando a última parte da narração, Sherezade escapou uma, duas, dez, cem, mil vezes, estendendo as histórias do “Mercador e o Gênio”, “Simbad – O Marujo”, “O Ladrão de Bagdá”, “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”…  Após a milésima primeira noite, Sherezade com o Sultão apaixonado, apresentou-lhes os filhos nascidos do casamento e livrou-se do sacrifício, tendo reinado como sultana até a morte natural.

Por volta do século 18, essas aventuras chegaram a Europa pela tradução do francês Antoine Galland, e se espalharam pelo mundo ocidental. Inspiraram Bocage, Coelho Neto, Edgar Allan Poe, Jorge Luis Borges, Machado de Assis, Marcel Proust e Sá de Miranda. Até o nosso Millôr escreveu fábulas com essa procedência.

Esse fantástico tapete voador contribuiu e revelou Andersen: (“O Patinho Feio”), os Irmãos Grimm: (“A Bela Adormecida”, “A gata borralheira” e “Branca de Neve”) e Perrault: (“Chapeuzinho Vermelho”); enriquecendo a imaginação compõe a literatura infantil evocando o belo, o puro, a verdade e o proverbial ensinamento da honestidade.

Fábulas como “O Lobo e o Cordeiro” nos levam a combater o totalitarismo, a arrogância e o domínio da mediocridade que se afiguram na recente versão escatológica do lulo-petismo para “Os Três Porquinhos”, Cícero, Heitor e Prático, cujo lirismo e ingênua metáfora, estão sendo maculados.

Na sua extrema insensibilidade (e ignorância), Dilma personalizou-os com as figuras execráveis de Lula, Aloizio Mercadante e Rui Falcão; Três variantes patológicas do peleguismo narco-populista, da traição nacional e da irresponsável institucionalização da corrupção administrativa.

Os suínos dilmistas têm uma classificação mais política do que veterinária; são os porcos humanizados descritos na “Revolução dos Bichos” de Orwell, e, como tais, não podem ser respeitados pelos letrados, defensores da família e patriotas.

O Brasil não pode continuar a ser emporcalhado (no mal sentido) por quem desdenha a Pátria, a cultura e as tradições, com o desprezo por tudo isso que é a marca do PT-governo. Que voltem a fuçar a lama e comer o lixo dos sindicatos pelegos, de onde nunca deveriam ter saído!

Miranda Sá

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