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Os ovos e a omelete

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

De volta da linda cidade de Rosário, onde passei a Páscoa, almocei na querida Buenos Aires apreciando uma omelete após os encontros profissionais e debates corporativos com colegas periodistas.

A capital portenha, tão rica na sua gastronomia e com restaurantes que dão inveja até aos paulistanos, sempre me leva à especialidade do Florida Garden, que fica ali, no coração da cidade velha, na esquina da Florida com a Paraguai.

Diz-se que a omelete veio da antiga Pérsia, à base de ovos misturados á ervas e batidos até endurecer e amorenar, permitindo o corte à faca. Percorreu o mundo árabe e chegou à Europa, mais precisamente na Espanha, onde virou a famosa torta e inspirou as tortillas das colônias americanas.

Na França foi batizada de “omelette”. Seu cheiro, sabor e textura transporta-me à infância, não a omelete francesa – cujo nome se popularizou de uns tempos para cá, mas como fritada (da italiana “frittata”), como era chamada por minhas avós, mãe e tias. Um prato trivial da classe média nordestina.

Fazer a omelete requer uma elaboração especial, enquanto a fritada não tem requinte: mistura-se o que tiver à mão com os ovos, mexe-se bem e leva-se à frigideira com óleo, banha ou manteiga até endurecer, vira-se pro outro lado e está pronta.  As semelhanças entre as duas são muitas, mas a fundamental é que nenhuma se faz sem quebrar os ovos…

O genial Millôr escreveu que “Assim como não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, não se faz uma revolução sem quebrar os ovos”.  Este pensamento mostra que o PT é uma farsa, porque o partido nunca teve coragem de quebrar os ovos, mostrando que sua “revolução” é apenas uma retórica para acobertar a pelegagem e a corrupção.

Complementando Millôr na observação da fraude lulo-petista, Brizola observou que “O PT é uma galinha que cacareja para a esquerda e põe ovos na direita”…  Banqueiros e empreiteiros que o digam.

A omelete petista do governo federal é uma crise permanente e ininterrupta que mistura arrogância com vitimologia, numa dialética cujas contradições personificam Dilma, alheia aos reclamos populares e às repetidas vaias recebidas onde anda. Em sua defesa acorre seu criador, o pelegão Lula da Silva, pedindo (imaginem!) “educação e respeito no exercício na política”.

Este piedoso apelo não vem só. O Pelegão aprimora o cinismo acusando “as elites paulistas”, omitindo que os protestos ocorrem no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná e no Mato Grosso do Sul, e agora já gravadas nas pesquisas que derrubam o PT-governo em todas as regiões do País.

Não discuto sobre a habilidade manhosa de Lula, a mais do que perfeita malandragem dos pelegos sindicais; reconheço-a sempre, mas não me engano com ele, que a usa para o mal. Sua falta de credibilidade não merece atenção, a não ser dos apedeutas como ele, ou das mal-amadas que cultuam a sua personalidade.

Lula jogou Dilma no Palácio da Alvorada certo de que ela fracassaria no primeiro mandato, mas errou feio; ela atravessou o período aos trancos e barrancos, talvez por obra do diabo que invoca… Se ela malograsse, ele voltaria triunfante surfando na indiscutível popularidade que conquistou navegando nas águas tranquilas do Plano Real.

O fracasso da Gerentona veio após uma campanha de mentiras que escondeu a conjuntura econômica do País financiada pelas propinas recolhidas na Petrobras e em outras estatais, descobertas na Operação Lava-Jato.  Essa corrupção escancarada fez Lula perder a aposta do retorno e o bonde da História.

Assistimos agora, ao som ensurdecedor dos apupos e do bater de frigideiras vazias, o repúdio nacional a Dilma, a Lula e ao lulo-petismo. Constamos que a omelete “revolucionária” deles não passa de um mexido grosso, com a gordura rançosa da ladroagem e a farinha mofada da inaptidão. Repelida pelos brasileiros conscientes.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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