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Nunca antes neste país

“A mesma instituição que, em 116 anos de existência, jamais mandou para a cadeia um político ou administrador público acusado de corrupção começou a se redimir numa escala também sem precedentes. Ao acolher, em apenas três dias de debates, quase todas as denúncias do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, contra rigorosamente todos os 40 participantes do mensalão que ele conseguiu identificar, o Supremo Tribunal Federal (STF) desferiu o primeiro golpe que será “sentido” pela corrupção organizada contra a revoltante impunidade que rasgou e ainda mantém abertas as veias do erário nos três níveis da Federação e nas três instâncias do Estado nacional. Por terem o relator da matéria, ministro Joaquim Barbosa, e os seus pares acolhido as acusações do procurador, em geral por ampla margem de votos, na maioria dos casos por unanimidade, tudo indica que, desta vez, o espetáculo não decepcionará a platéia.

Alguns dos 40 réus poderão ser inocentados por falta de provas de haverem praticado esse ou aquele crime do extenso repertório doravante em julgamento – que inclui formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, peculato e gestão fraudulenta. Outros poderão escapar do castigo graças às astúcias de advogados contratados a peso de ouro para arrastar o processo até a prescrição dos delitos de seus clientes. Ainda assim é impossível subestimar o alcance da mudança que o STF enfim decidiu esculpir na rocha, sob as vistas da Nação, excedendo até as expectativas mais otimistas sobre a aptidão (ou disposição) do Judiciário para levar aos tribunais os donos do poder que fizeram por merecê-lo. Há muito que a esfera pública não proporcionava aos brasileiros tão robusto motivo para a renovação de esperanças que pareciam definitivamente perdidas. Agora, sim, a sociedade pode repetir, sem ferir a verdade, o bordão do presidente Lula: “Nunca antes na história deste país…” (Editorial do Estadão)

OPINIÃO: O aplauso ao STF é nacional. Acima das classes sociais, de cor, credo ou religião, os brasileiros lavaram o peito com a decisão da alta corte de Justiça e expressam abertamente uma imensa alegria pela construção de um instrumento para eliminar a corrupção. A exaltação patriótica só não foi ampla, geral e irrestrita, por causa da infeliz armação pró Dirceu pela entrevista do ministro Lewandowsky, que só não nos preocupa porque sabemos de que alcançou o ministério por intervenção de Mariza Lula da Silva, amiga de sua mãe em São Bernardo do Campo. A primeira-dama escolheu o juiz como seu marido, o Presidente, escolhe seus auxiliares… MIRANDA SÁ

Miranda Sá

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Miranda Sá
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