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George Gershwin

Ícone da América une jazz e erudito

É possível que mesmo os grandes conhecedores de música jamais tenham ouvido falar de Jacob Gershovitz. Mas com certeza saberão quem foi George Gershwin. Jacob Gershovitz e George Gershwin, porém, são a mesma pessoa. Nascido no dia 26 de setembro de 1898, em Nova York, ele foi o segundo filho do casal de imigrantes russos Moritz Gershovitz e Rosa Brushkin.

O primogênito, Israel, tornou-se Ira. E foi assim que Jacob Gershovitz virou George Gershwin. Desde cedo, os irmãos Gershwin foram companheiros no gosto pela música. Com personalidades diferentes, Ira gostava de estudar, era fascinado por arte e aos 14 anos pediu um piano de presente aos pais. George, ao contrário, vivia pelas ruas de East Side, arrumando encrenca e jogando beisebol.

Mas para espanto de todos, foi ele quem mais se encantou com o novo instrumento em casa. Aos 12 anos, conseguiu sozinho tirar de ouvido uma canção. Impressionados pelo talento, seus pais contrataram um professor particular que passou a dar aulas de piano aos meninos. George Gershwin nunca foi um aluno exemplar. Aos 16 anos, abandonou o curso médio de comércio onde estudava para trabalhar em uma editora musical como leitor de partituras. O emprego consistia em tocar piano para os fregueses, mostrando os lançamentos musicais.

Nas horas vagas, ocupava-se em suas próprias composições. Após alguns desapontamentos, consegue finalmente em 1916 publicar sua primeira canção, intitulada “When you want’em, you can’t get’em, when you got’em, you dont’ want’em”. Cansado de tocar apenas música clássica, que considerava “ultrapassada”, passou a compor trechos inspirados no jazz que, de Nova Orleans, começava a ganhar espaço em todo o país.

Gershwin sempre se mostrou um homem otimista, mas nunca poderia imaginar que em tão pouco tempo de trabalho se tornaria rico e famoso. A surpresa veio em 1919 quando compôs seu grande sucesso, “Swanee”. A canção foi interpretada por Al Jonson no musical Simbad e rendeu a Gershwin reconhecimento e um bom dinheiro. Milhares de partituras e gravações foram vendidas, fazendo seu nome ser divulgado por toda a América. Apesar do sucesso, sofreu severas críticas por inventar um estilo musical totalmente revolucionário, misturando as formas clássicas ao jazz.

Graças a um convite feito pelo célebre maestro Paul Whiteman, em 1924, que Gershiwn produziu sua obra-prima. A proposta era a de produzir uma grande peça de jazz sinfônico. A principio, Gershwin temeu tamanha responsabilidade, mas, com o incentivo do irmão, acabou aceitando o trabalho. Daí nasceria a famosa Rhapsody in Blue.

Na estréia do espetáculo, estavam na platéia nomes ilustres como Stravinsky, Rachmaninov e Leopold Stokowski. O sucesso foi tamanho que o nome de George Gershwin entrou, definitivamente, para a história artística dos Estados Unidos. Porém, seu mais audacioso projeto aconteceu mesmo em 1935, com a montagem da ópera Porgy and Bess. O libreto escolhido foi Porgy, de Edwin duBose Hayward, que relata o melancólico drama amoroso entre uma bela mulher e um mendigo, ambos negros.

Apesar do êxito, houve muita resistência por conta do forte preconceito racial. Mesmo assim, a música composta por Gershwin acabou se tornando a maior ópera americana de todos os tempos. O sucesso aumentava a cada dia, quando Gershiwn, com 39 anos incompletos, percebeu que algo estava errado com a sua saúde. Passou a sofrer desmaios, dores de cabeça e lapsos de memória.

No começo de julho de 1937, teve um desmaio e entrou em coma. Os médicos detectaram um tumor no cérebro em estado avançado. Na manhã do dia 11, George Gershwin morreu ao lado do irmão, em Hollywood, Califórnia.

Fonte: Coleção Folha de Música Clássica

Marjorie Salu

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Marjorie Salu
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