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FUTEBOL

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Não podemos esquecer de agradecer aos companheiros. Eles são sempre o mais importante.…” (Lionel Messi)

Nos primeiros anos de minha formação intelectual ensinaram-me em casa e me admoestaram na escola, que futebol, religião e a “vox populi” não se discutem; agora, após contornar o Cabo da Boa Esperança nos meus 89 anos bem vividos, resolvi quebrar esta regra.

Como escrevi anteriormente um artigo sobre Religião, venho agora discutir Futebol, como mais adiante escreverei sobre a opinião pública, que, a princípio, considero uma farsa midiática. Aquilo que modernamente chamamos de fake news….

Mal saídos do torneio mundial de futebol da FIFA e do emocionante encerramento com o jogo final entre a Argentina e a França, conclui que vale a pena falar sobre o fracasso da seleção brasileira no Qatar na Copa que consagrou Messi como o melhor jogador da atualidade.

Da minha parte, aliás, não vi uma Seleção Brasileira e sim a seleção europeia de Tite, que desprezou os craques revelados no Brasileirão e na Copa do Brasil, principalmente atletas do Flamengo e do Palmeiras. A seleção de Tite só enxergou valor nos passes dos que jogam no Exterior, garantindo-lhes uma cotação maior.

Não sei porquê. Seria uma demão aos donos de passes ao mercado da cartolagem? Ou, simplesmente, o “técnico” se iludiu com a performance individual dos convocados nas equipes dos clubes da Alemanha, Espanha, França e Inglaterra?

Analisando a atuação em campo, não considerei que a desqualificação foi surpresa. Ao contrário, critiquei desde o início as convocações para a Copa2022, e pouco ouvi opiniões iguais à minha nas redes sociais e muito menos entre os comentaristas da mídia especializada.

Na verdade, apenas assisti e ouvi badalações para Tite e a sua seleção; umas levadas por empatia e outras mantidas pelos mercenários pagos pelos cartolas da CBF. O que é inegável e irrefutável, é reconhecer que para um jogador rico, pouco importa ganhar ou perder um jogo.

Por pura idiotia política e partidária discutiu-se apenas a participação de Neymar – um dos poucos merecedores da vaga, privilégio que divide somente com mais dois ou três colegas. Coisa de fanáticos imbecilizados que dividem o Brasil em duas bandas (ou seriam dois bandos?) de analfabetos políticos assumindo-se como “de direita” e “de esquerda”.

Daí se tira o exemplo trágico da atuação de grupos extremistas que atuam sob a orientação de dirigentes partidários, líderes de fancaria e dos imutáveis parlamentares do Centrão, sempre reeleitos pela compra de votos com o dinheiro dos fedorentos fundos partidário e eleitoral.

Assim, noves fora os cartolas do futebol e da política, o que temos é um rebanho de ovelhas tosquiadas mugindo favoravelmente às figuras midiáticas criadas para influenciar e formar a “opinião púbica”.

O exemplo do Qatar nos estimula a invejar os representantes de Camarões, da Croácia, da França e do Marrocos, que jogaram com entusiasmo patriótico e amor à camisa, itens que pesaram fortemente na vitória dos argentinos.

Anteriormente (nos bons tempos de Pelé, Romário e Zico!), assistimos às exibições das antigas seleções brasileiras com uma disposição como aquelas, mostrando-se diferentes da que nos representou na Copa2022. Será fastigioso enumerar os demais jogadores da Canarinho que jogaram com garra para conquistar a glória. E muitos deles ascenderam ao Olimpo dos craques mundiais.

Jamais veremos a mesma coisa entre os milionários que jogam lá fora – com as raras exceções que a regra nos obriga -; em sua maioria, porém, quando acendem uma vela consagrada à Pátria, fazem-no porque algum fabricante do círio financiou….

Este desabafo tenta mostrar que o futebol dos cartolas é diferente do futebol do povão. Eles, os “donos da bola” fingem praticar um regime vegano, mas, às escondidas, degustam bifes folheados a ouro…. Nós, torcedores da Geral, ao rés do campo, continuamos famélicos por um time nascido nas bases como a fumaça sai do braseiro.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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