Categorias: Notícias

FANATISMO

MIRANDA SÁ (E-Mail: mirandasa@uol.com.br)

“Uma ideia morta produz mais fanatismo do que uma ideia viva; ou melhor, apenas a morta o produz. Pois os estúpidos, assim como os corvos, sentem apenas o cheiro das coisas mortas” (Leonardo Sciascia)

Falta de entendimento entre os atuais líderes mundiais, conflitos regionais, intolerância religiosa, racismo, violência e até ameaças de uma guerra mundial são sintomas geopolíticos do fanatismo, uma espécie de revolta contra algo que faltou às pessoas que o vivem.

Esta praga que grassa em todos os quadrantes do planeta se manifesta em indivíduos e na sua pior versão, em organizações religiosas ou políticas. Quando se trata de pessoa, não pode ser considerado um distúrbio mental; mas quando se relaciona com um grupo ou movimento, deve ser visto sempre como uma patologia.

O “Fanatismo”, dicionarizado, é um substantivo masculino abrangente, que reflete a adesão cega a um sistema doutrinário ou ideológico, indo da dedicação religiosa obsessiva à cegueira política e ao facciosismo partidário.

A palavra fanatismo vem do francês “fanatisme” que, por sua vez deriva do latim ‘fanaticus’, que tinha inicialmente o significado «aquele que se diz inspirado pelos deuses”, era atribuído aos sacerdotes guardiões do “fanus” – templo ou lugar sagrado.

A designação foi se modificando através do tempo chegando-nos como adoração, cegueira ou mania a alguém ou alguma coisa, apresentando-se como um estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente.

É claro que o exemplo não é o do torcedor que ama o clube, ir aos jogos, gritar, cantar e vibrar nos estádios; nem do eleitor que defende o seu partido, seu candidato, divulgando e fazendo propaganda. Fanáticos entre eles, são exceções…

O aspecto doentio está em transformar o clube ou o partido numa seita extremista e intransigente, que cria preconceitos e leva à intolerância. A História da Humanidade registra isto em várias épocas, e ainda hoje, doutrinas religiosas e políticas geraram, justificaram, e geram e justificam o fanatismo…

Racista obcecado, Hitler comandou o que chamou de “limpeza étnica” na Europa, sacrificando ciganos, judeus e eslavos; e Stálin levado pelo pavor de ser assassinado, prendeu, torturou e matou médicos, como fizera uma década antes com os militares que serviram sob o comando de Trotsky…

O cinema nos traz o fanatismo como tema, como no documentário de Alan Resnais “Noite e Neblina”, sobre o Holocausto, e o filme “A onda” que recomendamos em artigo anterior, mostrando a facilidade de fanatizar a juventude.

O fanatismo é filho bastardo do fascismo, com o nome de populismo; nasce da fraqueza de pessoas necessitadas de se sentir valorizadas e amparadas no meio em que vivem; por isso, é um fim em si mesmo, algemas que prendem os medíocres.

Como decorrência direta do populismo, o fanatismo se incorpora no culto à personalidade do líder, nas legendas, nas cores e símbolos…  Apoia-se em discursos demagógicos e nas ideologias em decomposição que impõem o espírito de seita.

Por sua vez, o populismo é historicamente associado ao esquerdismo do século 21, e não há exemplo melhor do que o enfermiço fanatismo lulopetista. Só assim se explica que pessoas de nível universitário, aparentemente normais, adorem Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, mitificando-o como “preso político”.

As manifestações esquizofrênicas que alienam as pessoas de decisões próprias, leva esses fissurados a justificar o roubo dos hierarcas petistas e os eleja como “heróis”. Lembram-nos o filósofo Diderot que escreveu: “do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo”.

Marjorie Salu

Compartilhar
Publicado por
Marjorie Salu

Textos Recentes

FALANDO GREGO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) Clássico é clássico; não foi por acaso que Shakespeare criou expressões que…

13 de outubro de 2025 18h05

DAS PAIXÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Civilização significa tudo aquilo que os seres humanos desenvolveram ao longo dos anos para se sobrepor…

8 de outubro de 2025 8h55

DAS PROIBIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Na ditadura militar que durou de 1964 a 1979 censurando a expressão do pensamento, cantou-se a…

30 de setembro de 2025 18h41

Augusto Frederico Schmidt

As chuvas da primavera Em breve virão as chuvas da Primavera, As chuvas da primavera Vão descer sobre os campos,…

25 de setembro de 2025 20h00

DE MURMÚRIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Só ouvi a palavra “Murmúrios” em letras de boleros e tangos. É visceral; o seu intimismo…

24 de setembro de 2025 12h03

Marina Colasanti

Outras palavras Para dizer certas coisas são precisas palavras outras novas palavras nunca ditas antes ou nunca antes postas lado…

21 de setembro de 2025 20h00