Categorias: Artigo

DO FANATISMO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Desde que passei a divulgar os meus textos, artigos, comentários e crônicas, tenho repetido uma definição de Voltaire que considero perfeita: “Quando o fanatismo gangrena o cérebro de alguém, a doença é quase incurável”.

O “quase” do grande pensador francês do Iluminismo foi, sem dúvida, uma concessão aos seus contestadores jansenistas, inoculando-lhes a esperança de cura; discordo, eu nunca vi uma só pessoa, contaminada pelo fanatismo, seja político ou religioso, livrar-se desse mal.

Trata-se de um vírus epidêmico no campo do pensamento para o qual a Filosofia não inventou uma vacina e nem as normas de comportamento social possuem a necessária eficácia para combate-lo.

O fanatismo atua nos cérebros infectados como uma droga alucinógena. Pela minha observação nas redes sociais acho que alguns ignoram a própria condição enfermiça não se dando conta disto; também em sua maioria desconhecem que são usados por trapaceiros.

Esses exploradores são falsos intérpretes da palavra de Deus que se assumem como seus intermediários, vendendo as alegrias do paraíso; ou são militantes partidários e pelegos sindicais que roubam o Erário (e no nosso caso, assaltam até aposentados e pensionistas do INSS).

Este quadro funesto se estende pelo mundo inteiro (com raras exceções, para justificar a regra…); mas no Brasil, mesmo contaminado, tornou-se um quadro hilariante visto por Millôr Fernandes ao dizer que aqui “os ratos põem a culpa no queijo”.

É o que assistimos no caso do assalto às velhinhas e velhinhos do INSS apoiado pelo Governo Lula numa cumplicidade explicita que chega ao ponto de usar o dinheiro do contribuinte para ressarcir o crime.

Isto é indesmentível pelas declarações de ministros e líderes partidários governistas e pelos seus seguidores fanáticos que empunham a vassoura da estupidez e se encarregam de varrer a sujeira deixada pelos “cumpamheros” nos corredores da delinquência.

É o que se vê até nas redes sociais; quando lhes falta argumento, os fanáticos repisam acusações aos críticos e denunciantes, e assim chegamos mais uma vez à conclusão de que o fanatismo está em relação da paixão pelos seus ídolos e o ódio pelos seus oponentes.

Como o etanol usado criminosamente na bebida cega o consumidor, a cegueira do fanatismo para a ética tornou-se um princípio extremista que nega o ensinamento da Antropologia que a Natureza diferencia o ser humano dos outros animais, aos que se prendem apenas ao instinto de sobrevivência e, no cio, ao acasalamento reprodutivo.

Este aprendizado leva-me à uma história que exemplifica esta diferença ambígua da animalidade; protagoniza uma cadela que vê um cão, seu irmão, ser dilacerado por uma fera e não tem o pejo de apropriar-se de um pedaço ensanguentado dele como alimento; entretanto, esta mesma cadela defenderá a sua cria e morrerá lutando para salvá-la.

Hoje e agora no Brasil, só se assiste entre os políticos a primeira expressão daquele comportamento animal. Aqui, vemos como antropofagia as mútuas acusações trocadas pelos populistas corruptos, Jair e Lula, auto assumidos mentirosamente como “de esquerda” e “de direita”.

Estes digladiam-se no ring eleitoral, mas se igualam ao assumirem o poder. Assim estimulam a devoção fanática dos seus cultuadores que rejeitam o diálogo e até justificam a violência em nome da “verdade” que defende. Perdem, dessa maneira, o poder de pensar independentemente, robotizados pelo fanatismo.

No quadro da polarização eleitoral dos populistas corruptos, o que temos é uma salada mista em que fé religiosa e a convicção política se misturam, tendo de um lado o bolsonarismo teocrático medieval e do outro o lulopetismo stalinista se acumpliciando com o crime organizado a ponto de considerar traficantes de drogas vítimas dos usuários.

Os dois populistas e seus seguidores são os exemplos mais-do-que-perfeitos do fanatismo que temos no infeliz Brasil dominado por um Sistema Corrupto que estimula o egoísmo, a falta de patriotismo, a ganância e a locupletação no governo em benefício próprio, Chega!

Marjorie Salu

Compartilhar
Publicado por
Marjorie Salu

Textos Recentes

DA ÉTICA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Entre os méritos que não deixo de lembrar e elogiar, a antiga Editora Abril nos deu…

20 de outubro de 2025 18h10

FALANDO GREGO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) Clássico é clássico; não foi por acaso que Shakespeare criou expressões que…

13 de outubro de 2025 18h05

DAS PAIXÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Civilização significa tudo aquilo que os seres humanos desenvolveram ao longo dos anos para se sobrepor…

8 de outubro de 2025 8h55

DAS PROIBIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Na ditadura militar que durou de 1964 a 1979 censurando a expressão do pensamento, cantou-se a…

30 de setembro de 2025 18h41

Augusto Frederico Schmidt

As chuvas da primavera Em breve virão as chuvas da Primavera, As chuvas da primavera Vão descer sobre os campos,…

25 de setembro de 2025 20h00

DE MURMÚRIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Só ouvi a palavra “Murmúrios” em letras de boleros e tangos. É visceral; o seu intimismo…

24 de setembro de 2025 12h03