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DAS APALPADELAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Tirei da escritora chilena Izabel Allende o curioso termo “Apalpadela”, um substantivo feminino originário do verbo transitivo apalpar, significando tatear, tocar com a mão e figurativamente, sondar. O verbo é de etimologia latina palpare (palpo,as,āvi,ātum,āre), “acariciar.”

Algumas “apalpadelas” nadam nas raias da delinquência, abuso sexual, no mínimo assédio e muitos passam a mão na História estudando origens e encontrando o cheiro nauseabundo das capitanias hereditárias como herança dos conquistadores ambiciosos que criaram o Sistema que persiste até hoje.

É contra isto que fui à pesquisa do porquê o Consórcio STF-Lula deseja censurar as redes sociais apoiado nos picaretas do Congresso e nos títeres da magistratura. Curioso é que repetem as mesmas táticas, assumindo-se como democratas atentando contra o direito à livre expressão do pensamento.

Nada de Democracia; é puro fascismo. Muitos, por analfabetismo ou ignorância, não sabem o que é o fascismo, ideologia política criada na Itália pelo ex-anarquista Benito Mussolini, adotando a palavra da tradição romana do “fascio” – um feixe de varas de bétula branca amarradas por correias vermelhas – símbolo da união nacional.

Jornalista, Mussolini alertou num artigo que uma vara é quebrada facilmente; algumas dão dificuldade de parti-las e muitas juntas tornam-se impossível de quebrar. Assim pediu a união dos italianos contra o comunismo, prometendo-lhes um socialismo nacional.

Conquistando o poder (a História registra como) o fascismo estabeleceu com a máscara de “nacional socialismo” a repressão ditatorial do “Capitalismo de Estado” totalitário, perseguindo e prendendo opositores, principalmente sindicalistas, em sua maioria anarquistas, comunistas e socialistas.

Esta reação contra os sindicatos de trabalhadores eliminou os membros antifascistas e estendeu resta perseguição aos círculos acadêmicos e meios científicos, literários e artísticos, estabelecendo limites às suas atividades e correspondência.

Assim recriou os sindicatos, as academias e as associações de artistas e intelectuais, transformando-os em órgãos governamentais e partidários; entregou as direções aos colaboradores do regime. Influenciou e foi imitado por ditadores populistas latino-americanos, como Vargas, no Brasil, Perón, na Argentina, e Eleazar López Contreras na Venezuela.

Aqui, os agentes governistas foram chamados de “Pelegos”, alcunha criada para indicar os líderes sindicais atrelados a um Ministério (aqui, “do Trabalho); na Argentina com o modelo peronista, ficaram conhecidos (e ainda hoje o são) como “amarelos”.

Implantada a ditadura militar em 1964, o palco trabalhista brasileiro manteve uma estreita unidade sindical dos comunistas liderados por Luiz Carlos Prestes com os trabalhistas, sob a orientação de Leonel Brizola. Traçando a estratégia da abertura “ampla, geral e irrestrita” o general Golbery do Couto e Silva investiu contra isto.

Prevendo a redemocratização, Golbery traçou a estratégia de uma disputa sindical criando o PT contra a hegemonia da aliança de esquerda. A legenda PT  (lembrando a sigla e a proposta do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista Alemão) foi entregue ao pelego da VW, Lula da Silva, informante do Dops paulista, segundo denunciou Romeu Tuma Júnior. Sem desmentidos.

Com o apoio do irmão metalúrgico, dissidente do PCB, s trotskistas e católicos “de esquerda”, Lula, espertíssimo, havia se tornado o centro das atenções nos meios sindicais; este êxito subiu-lhe à cabeça e sucumbiu à vertigem politiqueira, virando o astro dos intelectuais obreiristas e descontentes com o comunismo pró soviético e o trabalhismo getulista.

O forte apoio da Igreja Católica que conquistou com a esperteza da pelegagem, Lula teve a capacidade de controlar o partido, eliminando a democracia interna e expurgando os livre pensadores de esquerda.

Sob forte influência trotskista expressada por José Dirceu mostrou os seus propósitos totalitários que só não levou adiante pela ambição de enriquecer, recolhendo o butim fornecido pelas empreiteiras corruptoras, principalmente a Odebrecht criada por Emílio com o seu sobrenome.

O filho de Emílio, Noberto Odebrecht, assumiu a empresa, e temendo a ascensão de Lula, ouviu do pai o que que lhe disse Golbery sobre o Pelego: – “Emílio, o Lula não tem nada de esquerda. Ele é um bon vivant“…. E, a partir daí o Pelego surfou no pântano da corrupção.

Quem primeiro reconheceu isto foi um dos iludidos fundadores do PT, Hélio Bicudo, jurista e ativo militante dos direitos civis, declarando que: – “O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através da sua atuação como presidente da República”.

É esta figura sinistra que protagoniza um dos elementos da polarização eleitoral que atenta contra a Democracia; do outro lado está Bolsonaro, capitão afastado do exército por subversão, que, cercado por um grupo fascista, adota o slogan “Deus, Pátria, Família”, da Ação Integralista Brasileira, partido criado por Plínio Salgado como versão tupiniquim do Partito Nazionale Fascista, de Mussolini.

Os autênticos patriotas e defensores intransigentes das liberdades democráticas, ficamos contra estes antagonistas corruptos que desmascaramos e enfrentamos  nas redes sociais às apalpadelas para despertar o povo com o  combate à imunda polarização tentacular, estendida  criminosamente aos três poderes republicanos.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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