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Catarse

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Aristóteles, aluno de Platão e responsável pela educação de Alexandre, o Grande, estudou o comportamento do público assistente após as tragédias teatrais, utilizando o termo catarse (do grego “kátharsis”) para o efeito causado na platéia. Para o grande filósofo, havia uma purificação da alma popular com a descarga emocional provocada.

A reação gerada na catarse foi usada por Freud na psicanálise para a cura de problemas emocionais dos seus pacientes usando, no processo, a hipnose pelo método do seu colega Joseph Breuer.

As igrejas cristãs, começando pela anglicana e principalmente pelas evangélicas norte-americanas, usam nos seus rituais métodos catárticos, de hipnose através da música, danças e mesmo procedimentos hipnóticos freudianos.

Nos círculos midiáticos esportivos reclama-se uma purgação no futebol, não como terapia clínica, mas uma intervenção política no futebol diante do trauma provocado pela acachapante derrota da seleção brasileira na Copa que sediou, com gastos exorbitantes, um verdadeiro escarno para uma Nação necessitada de serviços básicos na Educação, Saúde e Segurança.

A “tragédia” no Brasil com a convulsão de paixões, batucadas, gritos e choro, estimulados pela perda futebolística nos jogos mundiais, reclama por uma catarse, no estertor do “patriotismo do chute” e tornou-se um mantra entre os comentaristas esportivos, principalmente no “jornalismo” televisivo.

Fraudulentamente, a exigida depuração do futebol foi proposta pelo PT-governo num oportunismo típico da pelegagem: a sinistra estatização da CBF, arrastando verbas públicas que escorrem nos ralos da corrupção e proporcionando o empreguismo à disposição dos eternos aproveitadores.

Um dos jornalistas de grande audiência na TV, Juca Kfouri, embora colaboracionista do poder lulo-petista, usou sua inegável inteligência, para “queimar” a Futebras – a estatal pensada pelos governistas. Ele propõe uma agência reguladora, mesmo sabendo que essa jamais funcionará nesse governo, como as outras que foram escanteadas pelos atuais dirigentes.

A catarse a ser perseguida por nós é a CPI do Futebol, abrangente, reestruturando federações e confederações do setor, e capaz de alcançar os desmandos que assistimos no País desde o sediar da Copa/14, até a tragédia da derrota da Seleção, passando pela desenfreada roubalheira de governantes, “consultores” e empreiteiras.

A descarga emocional provocada pelo drama da Seleção não é dos fortuitos “patriotas do chute”, nem dos “comentaristas” usufrutuários da safra promovida pela FIFA, mas sofrida pelos autênticos amantes do futebol.

Estes defensores honestos da limpeza e modernização do esporte das multidões repudiam a politização dos jogos por um governo medíocre sedento de se manter no poder a qualquer custo; e não confiam que venha dele nem dos seus arautos a catarse para a purificação do futebol, como de resto da administração pública corrupta…

Miranda Sá

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