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Blog de Miranda Sá: Artigo da 6ª feira

Uma mosca, duas moscas, um enxame de moscas

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

O trem da alegria da Câmara, criando cargos para satisfazer o novo partido governista, o PSD do prefeito Kassab, e o joguinho jurídico dos ministros do STF livrando crimes passados absolvendo-os no presente, como a liberação e posse de Jáder Barbalho, simbolizam um monturo onde muitas moscas sobrevoam…

São azuis, negras, verdes, de cabeça branca, atraídas pelo lixo e matérias fecais, havendo algumas com preferências próprias, como a tsé-tsé, varejeiras, mosca-de-frutas e até a mosca-de-chifres. A mais comum é a mosca doméstica – cientificamente conhecida como musca domestica.

Essas domésticas são as moscas políticas, adequadas ao poder. A mosca que zumbe nos nossos ouvidos atualmente é Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, consultor da escola do PT que, em apenas dois anos, faturou R$ 2 milhões, um dos quais recebido irregularmente da Federação das Indústrias de Minas Gerais.

É uma mosca casca dura blindada pela presidente Dilma, em pessoa, que mandou instruções à bancada governista para barrar qualquer tentativa de ir à Câmara Federal prestar depoimento. A ministra Ideli Salvatti, com sua conhecida sabujice, levou o recado e disse que Pimentel já deu explicações ”satisfatórias”.

Outra mosca que esvoaça sobre nós, incomodando sobremaneira, é o “carequinha do mensalão”, Marcos Valério – preso por facilidades lucrativas com fazendas virtuais na Bahia – e solto pela facilidade com que a Justiça brasileira atende aos hábeis e rentáveis advogados dos corruptos.

Pimentel e Marcos Valério juntam-se a outra mosca doméstica, Jáder Barbalho, símbolo das fichas-sujas condenadas pela opinião pública, que o STF absolveu com base em filigranas jurídicas. Para os ministros-juízes, crimes cometidos de ontem não são condenados hoje, em função de um texto “legal”…

Uma mosca, duas moscas, três moscas e não param aí. Nos três poderes da República, sob influência do lulo-petismo, criadouro desses abomináveis insetos, há enxames deles, e o pior enxame adeja, esvoaça, volita no Supremo Tribunal Federal, sem que nenhum ministro use um inseticida para livrar-se dele.

É o julgamento do mensalão, que causa perplexidade quando se ouve do ministro Ricardo Lewandowski, a previsão de que as prováveis sentenças condenatórias dos réus irão prescrever até seu julgamento…

O caso do mensalão é emblemático e deveria ter recebido uma atenção acurada da Corte, merecendo um tratamento prioritário. Mas não foi o que se viu, nem o que se vê. A cidadania assiste a um jogo de empurra em vez da implementação do julgamento. O STF não se recuperará por três gerações, caso vierem a prescrever as eventuais penas dos réus do mensalão graças à lentidão, morosidade e, por que não dizer, descaso dos meritíssimos…

E não se trata de mau funcionamento do Judiciário, como querem alguns. É previsto pelos interessados em declarações públicas, criando, portanto, suspeição de que é proposital o regurgitar dos autos, nas mãos trêmulas de um ministro enfermo, Joaquim Barbosa.

Vou pagar para ver o jogo. O Brasil que queremos não pode ter uma Corte Superior de Justiça em que um ministro não se envergonhe de anunciar a prescrição dos crimes infames denunciados pelo Procurador-Geral da República. Como livrar réus que formaram uma quadrilha para assaltar o Erário?

Na sua genialidade, Charles Chaplin, inventou um circo de pulgas malabaristas. O PT-governo conseguiu fazer, como nunca antes neste país, um espetáculo de moscas corruptas diante de uma platéia de brasileiros entorpecidos.

Ah, outra mosca caiu na minha sopa: o ministro das Cidades, Mário Negromonte, que há muito devia ter sido inseticidizado…

Miranda Sá

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