O grande Voltaire na sua notável irreverência escreveu que “a arte de enganar foi inventada pelo primeiro malandro que encontrou um imbecil”. Assim nasceu o famoso ‘conto-do-vigário’, um meio de enganar as pessoas para levar vantagem. Diz-se que foi aplicado a primeira vez nas Minas Gerais.
Contam que os vigários das paróquias de Pilar e Conceição, em Ouro Preto, disputavam uma imagem de Nossa Senhora. Um deles propôs que se soltasse um burro entre as duas igrejas e a direção que o animal tomasse indicaria aquela que ganharia a santa… Mais tarde se descobriu que o asno pertencia ao padre vencedor…
Veio daí a palavra vigarice, que já está dicionarizada, e o ‘conto-do-vigário’, que compõe o elenco dos lances desonestos da bandidagem, como o ‘bilhete premiado’ e o ‘envelope vazio’ aplicados para enganar os trouxas. São esses tolos que favorecem o surgimento dos falsos profetas e a ascensão dos políticos demagogos.
A conversa fiada do propagandista de feira foi aprimorada pelo marqueteiro e a moderna tecnologia ajuda os novos golpes que se aproveitam do fascínio das massas pelo brilho comprando zircônia produzida em laboratório como se fora diamante.
Trapaças com metal folheado a ouro e pérolas falsas foram passadas ao eleitorado brasileiro no ano passado, por Dilma Rousseff, que vendeu ao eleitorado um País das Maravilhas. Lembram-se? Ela falava de cofres públicos abarrotados, do pleno emprego, de uma assistência médica à beira da perfeição, de escolas técnicas com vagas sobrando e o fim da miséria no País. Pintou um Brasil melhor do que a Dinamarca…
Sabendo que se tratava de lorota, eu me sentia solitário e até hostilizado quando denunciava que a Gerentona de Lula mentia. Defensores da reeleição levantavam em torno de mim argumentos lembrando uma inflação e um desemprego antigos, e alertavam contra as ameaças de privatização da Petrobras e dos bancos públicos que certamente seriam perpetradas pela oposição.
Assim venceu a estupidez coletiva. Triunfou o mundo da trapaça, um mundo iluminado pelo logro, o universo iluminado dos cassinos e jogos de azar… O burro amarrado entre o PT-governo e o povo era do intrujão Lula da Silva, o Macunaíma da esquerda brasileira. A inflação e o desemprego crescem e a privataria campeia…
Seria injusto, porém, dar título de vigarista único para Dilma ou para Lula. É impossível configurar numa só pessoa a hierarquia partidária comprometida com o jogo da enganação. No bando de petistas e aliados, dirigentes sindicais, coordenadores de movimentos sociais, infiltrados nas instituições e aparelhados na administração governamental, todos são dignos da comenda.
Entre tantos vigaristas, porém, ressalta como modelo José Dirceu, ideólogo, fundador do partido, e ex-ministro todo-poderoso do primeiro mandato de Lula; mas não quero ser repetitivo, copiando em xerox a sua vida, de líder estudantil a fundador e dirigente do PT que o levou ao poder.
Registrar apenas que quando ministro foi o criador do projeto dos 20 anos de poder petista, e para tal instituiu o aparelhamento do Estado, o assalto às estatais e aos fundos de pensão, a aliança com o narco-populismo, enfim, é o grande traficante da moeda falsa do “socialismo bolivariano”.
Além disso, Dirceu é sócio solidário de Lula da Silva nas falcatruas para financiar a manutenção no poder e enriquecimento próprio. Ambos são comanditários de um esquema de corrupção nunca visto neste País.
Deixo o perfil do ‘herói petista’ para a Operação Lava Jato traçar na saga dos repugnantes crimes contra o patrimônio público e traição à Pátria. José Dirceu avançou nas propinas até quando cumpria prisão domiciliar, punido pelo Mensalão; e esta vigarice justificou a volta para a cadeia.
Como disse o juiz Sérgio Moro, a liberdade do Grande Vigarista representa uma ameaça à ordem pública; é verdade: os seus contos-do-vigário enganam trouxas até hoje.
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