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Artigo temático de fim-de-semana

“expropriar”,  Ocupando o poder, para fazer revolução?

MIRANDA SÁ ( E-mail: mirandasa@uol;com.br )

Tem alguma explicação isto? Um ministro de Estado junto com o presidente, o secretário e o tesoureiro do seu partido, no poder, e dirigentes de outros partidos cooptados, cometerem crimes de peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, em nome de uma ‘revolução socialista’?

Encontramos ao longo da História floreios mitológicos de aventureiros com o casaco do inglês Robin Hood, bandoleiro que roubava dos ricos para dar aos pobres. Também muitos oportunistas políticos constroem para si lendas semelhantes.

Registramos exemplos de ‘expropriação’ em processos revolucionários para financiar organizações políticas. Dizia-se que Stálin foi assaltante de estradas; que Mussolini roubou a caixa de um sindicato para abrir um jornal; e, recentemente que as Farc colombianas, transformaram-se de libertárias em traficantes de drogas…

Temos fantasias desse tipo na América Latina. Caudilhos e líderes contestadores, com raríssimas exceções, tornam-se ególatras, implantam ditaduras, estimulam o culto à personalidade e… Enriquecem, ou ficam muito mais ricos se originários de classes abastadas.

Na linha de tal caciquismo, revelou-se entre nós um desses tipos, o carreirista de nome José Dirceu, perfilado num pensamento de Confúcio: “Homem de palavra fácil e personalidade agradável”. Sobre tal figura, o sábio chinês alerta seus discípulos: “Ele raras vezes é homem de bem”.

Dirceu, dissimulado e farsante, criou um projeto de poder aproveitando-se da desonestidade reinante na Câmara Federal: formou uma quadrilha para assaltar o Erário e comprar apoios, com o propósito de manter e ampliar hegemonicamente o poder.

Esse empreendimento fortaleceria de imediato o Governo Lula, mas seu fundamento era a sucessão do sindicalista do ABC por si próprio. Conquistou sequazes com um argumento falsamente ideológico: cumpria uma ‘ação revolucionária’ comandada pelo núcleo dirigente do PT.

Como? Roubar dinheiro público enquanto governo? Constata-se – e agora está gravado pelo Supremo Tribunal Federal – que a ‘ação’ era fraudulenta, aética, imoral e ilegal, pois atentatória à Constituição e à República.

Hoje, além da maioria dos ministros do STF, essa conclusão é de quase unanimidade nacional. O Mensalão, como foi batizado o feito do núcleo dirigente do PT, não é condenado por anti-petistas, direitistas, reacionários, nem é moralismo pequeno-burguês.

Muitos petistas condenam a delinqüência explícita da tróica Dirceu-Genoíno-Delúbio, excluindo-se apenas a militância aparelhada no Governo e os partidos fisiológicos mamando nas tetas do governo.

Há pouco, chegou-me às mãos um material analítico datado de outubro, distribuído ‘no partido interno’ (lembram-se do ‘1984’ de Orwell?). Considero-o importante de ler, analisar, refletir e criticar.

É o “Roteiro para sobreviver ao julgamento do Mensalão”, assinado pelo professor Marco Aurélio Nogueira, intelectual gramsciano, indiscutivelmente um simpatizante ‘não-lulista’ do PT, e talvez militante do partido, embora não declare.

O texto traz uma afirmação benévola: “O PT não é igual ao Mensalão”, considerando um absurdo, antidemocrático e falso, reduzir o partido à delinquência. Com isso, tropeça na realidade, porque o PT e os petistas liderados por Lula da Silva, assumem o ato de delinqüir, tratando os mensaleiros condenados no STF como ‘heróis do povo brasileiro’.

Este epíteto é mais do que uma expressão afetuosa do lulismo para companheiros; trata-se de cumplicidade e, em minha opinião, um acinte à nacionalidade e a toda história das lutas patrióticas e populares do povo brasileiro, dos nossos verdadeiros heróis e mártires.

Mesmo com a intervenção auxiliar, o professor Marco Aurélio Nogueira, com honestidade intelectual, admite que “O núcleo político que dirigia o partido não soube distinguir as fronteiras entre negociação e negociata”, e acrescenta: “Negociações políticas não podem envolver dinheiro, repasses de milhões e empréstimos fraudulentos, seja por motivo que for”.

Ainda bem que ainda há nos círculos ‘de esquerda’ gente assim. É uma garantia contra os planos totalitários da camarilha de Dirceu, que além da sedição contra a República investem contra a imprensa e toda liberdade de expressão.

Isto é para mim é um alento, pois penso como Ibsen: “Mais do que a liberdade, amo a luta pela liberdade”…

Miranda Sá

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Miranda Sá

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