Categorias: Notícias

Artigo saído n’O Jornal de Hoje (Natal/RN)

Ética e Moralidade são princípios culturais

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Nos tempos da escola “risonha e franca” os estudantes adquiriam princípios de finalidade para a vida, patriotismo, culto dos heróis, necessidade da socialização e honestidade.

Com esta formação cultural, obtínhamos os princípios de ética e moralidade, que hoje – infelizmente – são considerados aleatórios na contabilidade egoísta que credita vantagens e debita prejuízos.

Em minha opinião, de lá para cá, o Brasil se adulterou. As elites intelectuais deixaram de contribuir com o povo pelo isolacionismo, afastando-se da política e condenando-a de longe sem intervir nos seus rumos, deixando, com esta omissão, a sociedade desequilibrada.

Quando os estudantes olhavam confiantes para o futuro da Pátria, buscavam profissionalizar-se, empenhando-se para ascender pelo mérito. Por isso assumiam a vanguarda democrática do povo lutando por melhores condições de ensino em escolas públicas de qualidade.

Pouco resta daquele passado não muito distante, quando os professores eram respeitados porque impunham respeito; exerciam a cátedra com a liberdade adquirida por merecimento; e, ensinavam seus discípulos visando um resultado coerente e combinado do saber e da libertação das jovens consciências

A preparação para enfrentar a realidade com sabedoria e liberdade formava políticos melhores que hoje. Essa atribuição pessoal (e coletiva) adotava o sistema democrático e, mais do que isso, repudiava o autoritarismo de ditaduras fascistas, nazistas, stalinistas e a caça às bruxas macarthista que enlameou a o “way american of life” nos EUA da guerra fria.

Formamos uma elite intelectual que enfrentou as ditaduras militares da América Latina, destacando-se no Brasil a atuação de artistas, jornalistas, padres, professores, profissionais liberais e, sobretudo dos estudantes.

Agora, atravessamos uma conjuntura especial no País que desmente todos os valores éticos e morais. É como se diz na expressão popular, “está tudo dominado”. Quando a iniciativa popular impôs a Lei da Ficha Limpa para os candidatos a cargos eletivos, entreabriu-se uma janela para a correção dos desvios.

Apenas entreabriu-se, porque é cozinhada em banho-maria no Supremo Tribunal Federal e omitida pelo Tribunal Superior Eleitoral, para termos uma aplicação nacional.

Apesar da lengalenga, a Lei da Ficha Limpa volta a ser falada agora, diante dos repetidos escândalos na administração pública que motivaram a queda de cinco ministros.

Esta semana, o controlador-geral da União, Jorge Hage, fala em estender a assepsia de caráter político aos cargos executivos com a medida, entre outras, que obriga aos ministros assinarem convênios com Ongs assumindo a responsabilidade sobre o uso das verbas públicas.

Os otimistas acham que é um avanço, mas não é o meu caso. Acho que as ONGs  – como o nome diz – organizações não-governamentais – não devem receber dinheiro algum dos governos, sejam municipal, estadual ou federal. Que tais agências levantem os próprios recursos para perseguirem seus objetivos.

De fato, acho que é uma norma para anuviar a crise que explodiu no Ministério dos Esportes – maculando o ministro Orlando Silva e seu partido, o PCdoB. Trata-se de uma velha tática do PT-governo, fazer agitação marqueteira e invocar ações populistas para ganhar tempo e lá adiante deixar ficar como sempre.

Para limpar a área do Ministério do Esporte a presidente Dilma não poderia indicar outro militante do PCdoB – que está sob suspeição – apesar do novo titular, Aldo Rebelo, se comprometer a suspender convênios com ONGs.

Resta saber se há firmeza “ideológica” nisso. Eu, por exemplo, não consigo esquecer a fragilidade da “ideologia” do PCdoB, lembrando-me de que, com a redemocratização este partido, na eleição1986 deixou de votarem Darcy Ribeiropara apoiar Moreira Franco.

Desde então, já praticava a “política de resultados” – muito antes de reforçar essa prática após aderir ao lulo-peleguismo, renunciando ao seu passado que tanto enaltece.

Miranda Sá

Compartilhar
Publicado por
Miranda Sá

Textos Recentes

FALANDO GREGO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) Clássico é clássico; não foi por acaso que Shakespeare criou expressões que…

13 de outubro de 2025 18h05

DAS PAIXÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Civilização significa tudo aquilo que os seres humanos desenvolveram ao longo dos anos para se sobrepor…

8 de outubro de 2025 8h55

DAS PROIBIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Na ditadura militar que durou de 1964 a 1979 censurando a expressão do pensamento, cantou-se a…

30 de setembro de 2025 18h41

Augusto Frederico Schmidt

As chuvas da primavera Em breve virão as chuvas da Primavera, As chuvas da primavera Vão descer sobre os campos,…

25 de setembro de 2025 20h00

DE MURMÚRIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Só ouvi a palavra “Murmúrios” em letras de boleros e tangos. É visceral; o seu intimismo…

24 de setembro de 2025 12h03

Marina Colasanti

Outras palavras Para dizer certas coisas são precisas palavras outras novas palavras nunca ditas antes ou nunca antes postas lado…

21 de setembro de 2025 20h00