Categorias: Notícias

Artigo publicado no JH do dia 25

Código Florestal deve ser feito cientificamente

MIRANDA SÁ, e-mail: miranadasa@uol.com.br

Nada de pessoal (contra ou a favor) com o deputado Aldo Rebelo e o projeto do Novo Código Florestal que relatou e defendeu, porque o conheço e sei que ele – da velha guarda comunista, ainda não inoculado pelo vírus do arrivismo – é bem intencionado.

Aldo enfrentou os ongueiros midiáticos que “que querem transformar parte das florestas brasileiras num Jardim Botânico”, conforme ironiza a professora Guilhermina Coimbra; desagradou os sojeiros do Mato Grosso do Sul, que querem plantar soja na Amazônia; e garantiu para o futuro do Brasil, reservas de minerais estratégicos alvos da cobiça estrangeira.

No primeiro item, a defesa do meio ambiente, concordamos que a mobilização de pessoas honestas, noves fora ONGs, que precisa ser ouvida; pelos produtores rurais, é bom destacar áreas possuem terras férteis e podem, (porque não?), suprir as necessidades alimentares da humanidade. No caso das reservas mineralógicas e da biodiversidade, é preciso disciplinar a ocupação do amplo e heterogêneo espaço da floresta.

Até aí, céu de brigadeiro. Todos os brasileiros honestos, patriotas, não empanam esta visão do desenvolvimento nacional. Mas, honestamente, devemos olhar para o lado científico do problema afastando dele as posições ideológicas e doutrinárias.

A ciência e a racionalidade deveriam prevalecer no debate que tem em vista a revisão – ou reciclagem – dos códigos florestais de 1934 e de 1965, que adotaram princípios científicos.

E, do ponto de vista político, encarar aqueles que alteraram tendenciosamente o Código Florestal/1965, desfigurando-o, tornando a legislação impraticável. As alterações veem sendo adiadas por decreto de FHC a Lula, sendo que o último decreto de adiamento tem validade de dezembro de 2009 até junho de 2011.

Daí a grande importância do Novo Código Florestal – Projeto 1.876/99, tramitando no Congresso.  A princípio, ele não deveria nem poderia ser aprovado, antes que o Governo Federal determine, por lei federal, o Zoneamento-Econômico-Ecológico das áreas compreendidas.

O Zoneamento-Econômico-Ecológico não é apenas uma obediência à Constituição; é um imperativo para a defesa dos interesses estaduais e regionais. Este mapeamento sócio-econômico mostrará a realidade do solo e do subsolo, facilitando a exploração racional de ambos, em vez mentê-los como uma espécie de “reserva de mercado”…

Não há dúvida que é correto preservar o meio ambiente, aproveitando-o em benefício do País, sem depredá-lo. Temos como exemplo as legislações dos países desenvolvidos EUA, Austrália, Canadá, Alemanha, onde a preservação não é intocabilidade da natureza.

Temos ainda, sem explicação de qualquer ordem a proibição do plantio em encostas e morros, que vai de encontro de produções agrícolas tradicionais, como os vinhedos e arrozais do Rio Grande do Sul e os cafezais de excelência nas Minas Gerais e no Espírito Santo.

Assim fica evidente a necessidade do Zoneamento-Econômico-Ecológico para impedir a alienação de partes do nosso território pela falsa preservação, que representa o interesse de empresas estrangeiras. É por isso que alertamos para o dever de debatermos mais o Novo Código Florestal, do ponto de vista legal e científico, não esquecendo de que para usufruir dos produtos naturais não é preciso depredar o meio ambiente.

Informa-se que a presidente Dilma voltará as atenções para este problema, e esperamos que esteja preparada para analisá-lo dialeticamente, enfocando os interesses nacionais.

Dessa maneira, o Novo Código Florestal deve constar da pauta dos jornalistas independentes, objetivando levar aos brasileiros em geral informações sobre a realidade. Onde estão as matérias-primas imprescindíveis ao País; onde estão as áreas férteis do território, do interesse dos produtores, onde os minérios críticos e estratégicos que enriquecerão a nossa economia.

Miranda Sá

Compartilhar
Publicado por
Miranda Sá

Textos Recentes

DA ÉTICA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Entre os méritos que não deixo de lembrar e elogiar, a antiga Editora Abril nos deu…

20 de outubro de 2025 18h10

FALANDO GREGO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.om.br) Clássico é clássico; não foi por acaso que Shakespeare criou expressões que…

13 de outubro de 2025 18h05

DAS PAIXÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Civilização significa tudo aquilo que os seres humanos desenvolveram ao longo dos anos para se sobrepor…

8 de outubro de 2025 8h55

DAS PROIBIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Na ditadura militar que durou de 1964 a 1979 censurando a expressão do pensamento, cantou-se a…

30 de setembro de 2025 18h41

Augusto Frederico Schmidt

As chuvas da primavera Em breve virão as chuvas da Primavera, As chuvas da primavera Vão descer sobre os campos,…

25 de setembro de 2025 20h00

DE MURMÚRIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Só ouvi a palavra “Murmúrios” em letras de boleros e tangos. É visceral; o seu intimismo…

24 de setembro de 2025 12h03