Quanto o PT foi fundado, estampava-se nas primeiras páginas dos jornais uma postura diferente dentre os partidos nacionais. Com os chamados partidos de esquerda, principalmente com os comunistas e os trabalhistas, concorria combatendo as mazelas do peleguismo e propondo o fim do imposto sindical.
Isso atraiu muita gente, vendo com bons olhos a libertação das organizações populares e sindicais do despotismo governamental, sempre ligado a proveitos eleitoreiros. Os petistas seguiam assim o ensinamento do respeitado líder italiano Palmiro Togliatti, que escreveu sobre o fascismo.
Disse Togliatti que “os sindicatos fascistas se beneficiam de verbas públicas”. E isto era uma forma de domínio sobre as representações trabalhistas, controlando-as e disciplinando-as de acordo com interesses estranhos aos dos trabalhadores.
Foi inspirado nesse quadro de exercício de poder sobre a sociedade civil que Getúlio Vargas criou a Consolidação das Leis Trabalhistas e o famigerado Imposto Sindical.
A luta pela emancipação do sindicalismo durou até a tomada do poder pelo PT, através de um estelionato eleitoral e o seu líder carismático – o fascismo sempre se apóia em líderes carismáticos.
Daí em diante, manteve-se o Imposto Sindical e ampliaram-se as distribuições de verbas para os chamados movimentos sociais, CUT, UNE, MST e outras entidades, inclusive ONGs criadas especialmente para servir de braços políticos do poder.
O interessante é que as organizações beneficiadas participam política e eleitoralmente da vida nacional, embora a legislação vigente proíba a participação de entidades que recebam dinheiro público de campanhas político-partidárias e eleitorais.
No caso dos sindicatos, representados por “centrais” sindicais – cúpulas sem base – para quem se lembra, reuniram-se e apresentaram apoio a candidata governista à Presidência da República.
Foi o exemplo típico do renascimento do peleguismo nascido do Estado Novo que se fortalecera e convivia politicamente entre os poderes republicanos na Era Lula; graças a polpudas verbas governamentais consolidou-se na campanha de Dilma Rousseff, agora ocupante da cadeira presidencial.
Neste quadro, vemos um fenômeno que o cientista político Rubens Figueiredo classifica como um raro exemplo atual de país capitalista onde o sindicalismo está a favor do Estado. Só ocorrera nos meados do século passado nos países totalitários da Europa, Alemanha, Espanha, Grécia, Hungria, Itália e Portugal.
A convivência do capital e do trabalho (a utópica ‘paz social’) no regime capitalista só é possível com os trabalhadores controlados pelo governo. A maneira aperfeiçoada de peleguismo do lulo-petismo foi implantada pela atração e compra das lideranças formadas em lutas anteriores, com fraudulenta afirmação libertária.
Com o fim do regime militar – na chamada redemocratização conduzida pelo governo Sarney – ocorreu essa ressurreição dos movimentos populares e sindicais, que representaram um importante papel na resistência à ditadura e no processo de re-organização partidária.
O processo de cooptação veio (como na redemocratização lenta e gradualmente. Acabou-se com a unicidade do movimento e a multiplicação das “centrais” sindicais, que passaram a receber grandes quantias de dinheiro, estendido às organizações auxiliares, UNE e o MST.
É dessa maneira que desapareceu o sindicato livre, brigão, defensor de causas consideradas às vezes impossíveis. Em lugar da chamada “lutas de classes”, surgiu um arremedo daquela República Sindicalista que os inimigos do presidente João Goulart inventaram para atrair empresários e militares para o golpe de estado.
A virtual “República sindicalista” dos anos sessenta do século passado tinha por base a ideologia marxista; a criação do lulo-petismo é um emaranhado de esquemas vulgares, ambiciosos e grupismo, emparceirados para ocupar postos chaves da administração pública, onde melhor praticar deslavada corrupção.
Não há exemplo maior do que o mapa dos fundos de pensão, as instituições econômicas com maior liquidez no Brasil, e as diretorias de empresas estatais, cujas facilidades para ganhar propinas é incomensurável. Como se vê, é onde se movimenta volume expressivo de dinheiro público.
É assim que vivemos uma grande contradição: do atrelamento do sindicalismo ao Estado, passou-se ao atrelamento do governo pelo corporativismo fascista. Isto, em minha opinião, é mais condenável do que a “República Sindicalista” ideológica dos tempos de Jango. O fascismo venceu o socialismo.
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