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Artigo: Modo petista de governar: Petrobras e Plano Real afundam

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir não sabe se não quiser, a conjuntura econômica brasileira submerge num pântano da inaptidão, irresponsabilidade e inconseqüência.

Os números (que não mentem jamais) preocupam e indignam as pessoas de bem deste País, mostrando uma inflação agravando-se, superando os 6% – conforme dados do Boletim Focus, do Banco Central.

Todas as previsões do Senhor Mercado vão de mal a pior e mesmo as grosseiras camuflagens do Ministério da Fazenda não conseguem esconder a piora e grande parte da responsabilidade governamental por esta deterioração das probabilidades de, ao menos, deixar como está…

E está tudo muito ruim. O desapontamento dos que torcem pelo crescimento econômico vem de um feixe de motivos além da inflação: contas correntes do balanço de pagamentos em prejuízo, a queda das projeções para o minúsculo PIB e as complicações que a Petrobras nos traz.

Depois de anunciada triunfalmente por Lula da Silva, a auto-suficiência do petróleo mostra-se como mais uma mentira do contumaz ex-presidente. E vieram com demagogia barata, outras simulações e fraudes com o petróleo.

É inesquecível o milagroso pré-sal, empurrado em nossas cabeças com uma maciça propaganda de muitos milhões de reais. Faz seis anos mais ou menos que foi anunciado virtualmente, o determinismo profético de que as reservas oceânicas abarrotariam os cofres do Estado Brasileiro.

Alguém do PT-governo chegou a falar de que o petróleo extraído no pré-sal iniciaria uma nova era para o Brasil produzindo a “maior capitalização da história do capitalismo” com a venda de R$ 107 bilhões em ações da Petrobras na Bovespa.

A triste realidade nacional apresenta um quadro invertido. E muito triste: Os atuais dirigentes da Petrobras admitem que a empresa se encontra “em deplorável estado financeiro”. Não precisava nem ouvi-los, por que o balanço do ano passado trouxe a significativa baixa de 36% dos lucros, e uma queda de 65% do valor patrimonial.

Isso me inspirou a fazer um plágio de bela composição de Gonzaguinha: “Eu sei que tudo poderia ser bem melhor, e será, mas desde que o povo não delira: É mentira, é mentira, é mentira…”

Não seguindo este imperativo patriótico, os lulo-petistas caem em estado de delírio, com olhos cegos e ouvidos moucos, crendo na cegueira do fanatismo que Lula nunca soube, não sabia e nem sabe de nada…

Não se pode dizer a mesma coisa do Poste que ele elegeu, a búlgara Dilma Rousseff, que atuou em quase todo governo de Lula – quando foi enaltecida em prosa e verso como gerente emérita do Brasil. É fácil recorrer à memória: Dilma, antes de ser a presidenta, foi presidente do Conselho de Administração da Petrobrás.

Era ministra das Minas e Energia quando assumiu a direção do Conselho e lá não fez apenas figuração; deu pareceres e deliberou, tomando gosto pela coisa, tanto, que quando foi para a Casa Civil manteve o posto.

Assim, os efeitos cênicos e os devaneios foram acompanhados de perto por Dilma, vivendo e atuando de dentro, nos laboratórios que criaram o imaginário que a propaganda governamental desenvolveu.

Talvez lá, junto com os pelegos que privatizaram para si próprios a empresa, a Presidenta (com o “a” exigido no final) aprendeu e gostou dos truques contábeis que maquiam hoje a economia brasileira.

Os cidadãos e cidadãs com acesso à informação não desconhecem esta situação, que levou a Petrobras, fruto de tantas lutas nacionalistas, a cair para o penúltimo lugar no ranking do setor petrolífero, e deixou a Colômbia assumir a liderança que ocupava na América Latina.

Eu escrevi todos os cidadãos e cidadãs com acesso à informação? Não, por que há a vergonhosa exceção dos políticos que dizem fazer oposição ao desastroso modo petista de governar. Com raríssimas exceções não se vê um tucano ou demo denunciar, protestar, pelo menos lamentar esse conjunto de circunstâncias.

E se acumpliciam emudecendo. Deviam ouvir Confúcio: “Saber o que é correto e não o fazer é falta de coragem”.

Miranda Sá

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