Há uma brincadeira no Twitter que é a constituição de um Dicionovário da Novilíngua lulo-petista, onde entraram verbetes como “Lular”, “Roubalizar” e “Erenizar”. Fora dos alfarrábios entram na comunicação “Sopa”, “Pipa” e “Blindagem”.
A “Sopa” foi um projeto discutido na Câmara norte-americana, cuja origem, em inglês, é uma sigla para “lei para parar com a pirataria on-line”. Quando subiu para o Senado, o projeto foi batizado de Pipa – abreviatura de “lei para proteção da propriedade intelectual”.
A “Blindagem” é um termo que se tornou habitual no noticiário da corrupção generalizada no País, e que Fernando Gabeira, com a inteligência que Deus lhe deu, comentou no último artigo da Folha de São Paulo. Escreveu Gabeira:
“O verbo blindar ganhou força num período de crescimento econômico, distribuição de renda e licenciosidade dos detentores do poder. A blindagem mais comum ocorre quando surgem evidências contra ministros, e o governo e sua base aliada decidem de certa forma, interromper o questionamento”.
Momentosos – por mostrar a força da Rede Social nos Estados Unidos – e, por decantação, no mundo – os vocábulos “Sopa” e “Pipa” seriam um estupro da Democracia americana, uma lei que daria ensejo ao governo para tirar uma rede social do ar ou proibi-la de receber dos usuários indicações ou mesmo contribuições que contivessem material protegido pelos direitos autorais.
Nem eu, e creio que nenhum alfabetizado é contra a proteção da produção intelectual, mas o moderno sistema de jornalismo e informação obriga-se a analisar, comentar, criticar e divulgar a criação de um escritor, de um artista ou de uma pesquisa científica.
Acho que pensaram assim os 32 milhões de navegadores da Internet e os monstros sagrados – Wikipédia, Yahoo, Google e Facebook, entre outros – que combateram os
dois projetos de lei que tramitavam no Congresso dos EUA. A onda virtual de protestos obrigou o recuo de muitos parlamentares que retiraram o apoio à “Sopa” e à “Pipa”, dando uma vitória aos usuários e às corporações on-line.
Voltando ao Brasil – como se tivéssemos viajado no mesmo avião que trouxe Luzia de volta do Canadá – estudemos a “Blindagem”, palavra fortalecida na incidência de práticas governamentais pouco recomendáveis e, por que não dizer, pouco éticas, em defesa autoridades denunciadas por corrupção.
Como nunca antes neste País, “blindar” é defender corruptos e corruptores ou, no mínimo, suspeitos de atos corruptíveis no exercício de um cargo ou de um mandato. É fácil levantar exemplos dessa ação nos poderes Legislativo e Executivo. Era, até pouco tempo, mais difícil no Judiciário.
Entretanto, na guerra entre Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, mostra-se e patenteia-se a proteção generalizada da magistratura como num santuário medieval. Alguns ministros do Supremo querem tornar os juízes intocáveis, mesmo praticando os atos mais repulsivos e/ou criminosos.
É a mesma “blindagem” que o governo Lula criou e que Dilma prossegue sem cerimônia. Um péssimo exemplo para a nacionalidade e uma vergonha para a cidadania. O STF, invalidando o CNJ, costura uma peça de depravação desfiando-se com os picaretas do Congresso Nacional e os maus políticos do Executivo.
Nisso, o que merece atenção é o fato de quê, ao contestar a investigação dos magistrados de má conduta, os defensores da corrupção querem amordaçar a imprensa, para impedir a divulgação dos males institucionais.
Esta campanha contra a liberdade de expressão quer evitar que a informação seja ampliada, e estimule o debate sobre onde está o bem e o mau, o ético e o imoral, o que é justo ou injusto. Negando o exercício da informação, deletam a democracia.
A Rede Social nos EUA investe contra a censura, como deveríamos fazer no Brasil, porque a censura é o gérmen do totalitarismo, gerando a repressão, o dedurismo, as polícias secretas e outras polícias políticas não tão secretas…
Sobre o totalitarismo, lembremos Mussolini, Hitler, Stálin e Franco, tristes exemplos que devem estimular a luta contra seus pretensos herdeiros da atualidade.
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