Uma vez mais, no eternizado cenário de crise econômica e em meio ao turbilhão de escândalos que deveria causar aversão à opinião pública, sai uma pesquisa pouco convincente com a presidente Dilma Rousseff batendo mais um recorde de popularidade.
A Datafolha, que vem banalizando as avaliações do poder, deu 64% de aprovação ao governo federal como ótimo ou bom, contra 34% que o consideram regular ou ruim. Informa a agência responsável que este resultado se deve a uma consulta feita nos dias 18 e 19 deste mês, em que foram ouvidas 2.588 pessoas em todos os Estados e no Distrito Federal.
Da minha parte considero a fração auscultada pequeníssima e outra vez mais acho muito vaga a área geográfica coberta “todos os estados e o Distrito Federal”. Ora, em que municípios dos estados e regiões brasilienses? Há muita gente neste País que sabe que pesquisas podem ser dirigidas pela escolha do universo esquadrinhado.
Entretanto, a respeitável Folha de São Paulo alardeia que se trata de novo recorde obtido por Dilma, pela alta taxa apresentada e a maior aprovação governamental; mas tem o cuidado de apresentar as faixas sócio-econômicas para justificar os números atingidos e – por incrível que pareça – conferir o resultado à queda da taxa de juros de bancos e à redução da taxa básica de juros do País…
Vejo, desconfiado, que não dá para acreditar nestas pesquisas, seu estúpido! Sei que a população brasileira está anestesiada, espelhando-se na desordem nacional alagada no pântano da corrupção; mas, por outro lado, vejo também a enojada repulsa dos brasileiros da velha classe média, pela política e pelos políticos.
Num País sério (não dá para esquecer a antológica frase de De Gaulle “Le Brésil n’est pas um pays serieux”) o povo não se manifestaria assim. Como aprovar um governo que acoitou sete ministros, depois demitidos, por suspeita de corrupção? Será que este quadro não diminuiria a popularidade de um governante?
Em verdade, não são apenas os ‘sete’ comprometidos com ‘malfeitos’, Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva, Carlos Lupi e Mario Negromonte… Ainda há dois explicitamente expostos, Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, e Fernando Bezerra, da Integração.
Sobre estes dois últimos que estão pendentes, pesa graves acusações e Dilma faz cara de paisagem, como se não fosse dela a responsabilidade de afastá-los.
Não quero surfar nas ondas da economia, pois o povão das esmolas populistas e os iludidos da fictícia classe “C”, não querem saber disso. Cobro a indignação diante da roubalheira desenfreada que se vê municipal, estadual e federalmente.
Agora mesmo, no extravagante e assustador ‘Caso Cachoeira’, é de esperar que a fração social com acesso à informação, não assista como uma partida de futebol o desenrolar dos fatos, das denúncias, das investigações e da convocação de uma CPI mista.
O escandaloso e tragicômico desenrolar das investigações da Operação Monte Carlo da Polícia Federal, ajuda o povo a pensar, e, portanto, são inconcebíveis os efeitos da pesquisa do Datafolha.
Sabemos que há uma intensa campanha para diversionar e até abafar o noticiário, e que a aproximação das eleições torce a realidade e deprecia a honestidade na generalização das campanhas partidárias e a semelhança das candidaturas. Mas, famintos de ética e moralidade públicas, os brasileiros letrados querem mais retidão nas amostragens dos institutos pesquisadores de opinião.
Gostaríamos de punir a desonestidade que grassa no Governo Dilma. E que já não se relembrasse – como fez outro dia o colunista de um grande jornal – o antigo ditado que dizia ‘O Brasil só cresce à noite, quando os políticos, dormindo, não podem roubar’
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