O poeta Mao-Tse-Tung, líder da revolução que fez da China o país rival do Império Norte-Americano, lançou no início do movimento, em1933, apalavra-de-ordem: “A caminhada dos mil quilômetros começa com um passo”.
É o que lembra a Marcha Contra a Corrupção que o povo brasileiro realizou no dia 7 de setembro, cansado da roubalheira e, principalmente, da impunidade instituída para os ladrões do dinheiro público.
Esta atitude patriótica começou sem juntar grandes multidões, embora se multiplicando por mais de 50 cidades do País e reunido na capital federal – onde blindaram a presidente Dilma para não vê-la – mais de 20 mil pessoas.
Manaus, São Luiz, Fortaleza, Recife e Salvador mostraram que não são dominadas pela politicalha das “bolsas” e o domínio dos picaretas da base governista. Belo Horizonte e Porto Alegre assinaram sua presença cívica; e,em São Pauloe no Rio de Janeiro, ocorreram mais de uma manifestação em pontos diferentes das duas cidades.
Fomos em pequeno número, mas uma coisa ficou clara: os protestos carimbaram na agenda presidencial a crescente indignação popular diante do tsunami de imoralidade política. Mostrou-se uma expressão coletiva que conseguiu aglutinar diferentes bandeiras – da reforma agrária e greves do professorado, até as denúncias de quebra de promessas governamentais às vítimas de catástrofes de norte a sul.
Teve outra visão midiática: não se tingiu nem de esquerda nem de direita, apesar de tentativas dos extremistas de ambos os lados em transformar a espontaneidade popular em ação política. Restou para essas minorias acusações recíprocas de controlar a agitação.
O apartidarismo das concentrações – todas, sem exceção – mostrou que a luta contra a corrupção não pertence a ninguém, e, por isso, oferece as condições objetivas para crescer e se multiplicar na medida em que a mobilização seja mais organizada na origem, a Internet, responsável pela arregimentação do 7 de setembro.
Nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro um orador evocou a lição do evangelho de quando “três se reunirem em meu nome, Eu estarei presente”, e materializou a presença do desprezo, da raiva, do sentimento de aversão à desonestidade em todos os escalões de governo, federal, estadual e municipal.
É por isso que os atos públicos fizeram do Dia da Pátria o Dia do Protesto; um processo que foi a expressão cidadã da coletividade, vibrante e esperançosa contra a desfaçatez dos governantes que desviam as verbas públicas e os interesses da população.
Encontramos entre pessoas politizadas um grito angustiante e ensurdecedor; de poucos, é verdade, mas todos armados de autêntico patriotismo e amor pela liberdade. O pequeno número de manifestantes agigantou-se diante do governo, e transmite coragem às pessoas retraídas e ainda receosas de retaliações do poder.
Entre os que se retraem, se reprimem e sonegam o sentimento de repulsa à corrupção, muitos são (ou eram) participantes dos movimentos sociais, sindicatos e entidades estudantis, cujos dirigentes foram cooptados pelo PT-governo.
Não demora muito, porém, que os honestos, aqueles que não se lambuzam nas falcatruas da administração pública, certamente mudarão de lado. Há inúmeros sindicalistas e estudantes – até militantes partidários da órbita lulo-petista – que não se identificam com a picaretagem parlamentar, o empreguismo, as consultorias fajutas e a ineficiência dos aparelhados da Era Lula.
Existe um razoável número de petistas que discordaram do mensalão, das aloprações e da impunidade dos corruptos, como o apoio da bancada do PT na Câmara Federal à absolvição de Jaqueline Roriz.
São esses descontentes que, encorajados, engrossarão as próximas marchas anticorrupção e se somarão aos lutadores contra os escândalos que se sucedem no Governo Dilma. E certamente novas e atrativas bandeiras, pelo Julgamento dos Mensaleiros, a CPI da Corrupção e o Fim do Voto Secreto, serão hasteadas ao vento da esperança que sopra sobre o povo brasileiro.
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