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Um dilema no combate à corrupção: tática ou estratégia?

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

A imprensa está prenhe de notícias sobre os corruptos e corruptores que se multiplicam pululando no pantanal que cobre o governo Dilma. Das diversas ilações, uma é mais do que hipótese: a comprovação histórica de que se trata da herança deixada pelo ex-presidente Lula da Silva.

Há, igualmente, inúmeras versões sobre o tratamento dado pela Presidente à neoplasma maligna que degenera o organismo administrativo. A designação (de criatividade marqueteira) “faxina”, fez da Chefe da Nação uma “faxineira”, a varrer a devassidão e os devassos encontrados em ministérios.

Depois vieram desmentidos sobre a “faxina” e a divulgação de outras prioridades em repetidos discursos da própria, em variadas ocasiões. Tivemos também manifestações – até de líderes oposicionistas – de apoio à varredura presidencial para remover malfeitos e malfeitores. O que poucos enxergaram (e eu entre eles) é que Dilma vive um dilema no combate à corrupção, diante de uma alternativa de Estado Maior: ou aplica uma estratégia ou se limita às manobras táticas para ganhar tempo.

A arte de planejar e executar o processo de alcançar o objetivo final não é coisa para amador. Karl Von Clausevich, autor da “Arte da Guerra”, reverenciado por quase todos os líderes mundiais que fizeram história, tem o mérito de ter sido político e estrategista militar, e, por esta abrangência, superou Maquiavel.

Legando-nos o princípio de que “a paz é a continuação da guerra” e a diferença entre tática e estratégia, Clausevich oferece as condições objetivas para analisar a tática de Dilma parando com a “faxina”, sendo aplaudida à unanimidade pelos companheiros de partido e aliados mais próximos.

Ficou claro que se a “faxina” continuasse, todos os quadros do primeiro escalão do governo viveriam na insegurança; nenhum ministro ou dirigente de empresa estatal estaria seguro no exercício do cargo. Por outro lado, qualquer contínuo de órgão público na Esplanada dos Ministérios sabe que resta muito lixo para varrer.

Talvez pelo faro, servidores públicos, jornalistas e estudiosos da realidade política, vêem como os contínuos… Está em todas as cabeças a certeza de que uma mudança é urgente e está próxima. É inexorável a renovação e o aperfeiçoamento da administração federal, sob pena da lama inundar o Palácio do Planalto e afundar para todo e sempre a esperança de um Brasil melhor.

Quem entrou na pauta desse mapa estratégico foi o ex-ministro e eminência parda do PT, José Dirceu. Descoberto pela reportagem investigativa da revista Veja o seu bunker no Hotel Naoum, em Brasília, trouxe revelações dignas de exame, no todo ouem parte. Recebendopolíticos de alto coturno, inclusive deputados e senadores tucanos, José Dirceu despacha com ministros, com o líder do governo Cândido Vaccarezza e com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli; mas analistas dizem que ele não tem essa força toda, não, que mais da metade do que demonstra é pura farsa.

Seja lá como for, sabe-se que no Hotel Naoum, fica a sede de um grupo capaz de traçar o plano “B”, estratégico, no caso de Dilma ir buscar na oposição, mais propriamente nos governos de São Paulo e Minas Gerais, o apoio para se libertar da chantagem lulo-petista de ameaças à governabilidade.

Se assim ocorrer, Dilma terá a entusiástica aprovação de Fernando Henrique Cardozo, em contradição com o governo paralelo de José Dirceu que, inegavelmente, se confronta com o governo oficial.

Se o Palácio do Planalto edita o Diário Oficial da União, o Hotel Naoum cochicha e conchava com empresários, “consultores”, titulares de ONGs e OSs, funcionários graduados e, pasmem, até com militares das Forças Armadas, as chamadas “melancias”.

Não é pouco para um deputado cassado, e réu do STF como chefe da quadrilha do mensalão; tanto que, estrebuchando pela violação do seu circuito das sombras, Dirceu acusa os repórteres de tentarem invadir o reduto, e manda porta-vozes exigirem da Fenaj e da ABI uma ação contra Veja.

Felizmente a opinião pública e a Rede Social da Web resistem ao manobrismo extremista (e para-fascista) do Mussolini caboclo. Milhares exigem o reinício da faxina anticorrupção e a punição dos corruptos e corruptores, seja como tática, seja como estratégia…

Miranda Sá

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