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Brasil dos analfabetos: Triste futuro anunciado

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

A amostra de uma avaliação escolar adotadas no País – a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) – anunciou um triste futuro: um Brasil de analfabetos. A funesta apreciação, inédita, foi aplicada no começo deste ano a 6.000 alunos nas capitais de todos os estados.

É louvável a técnica de avaliação feita pelo conjunto de respeitáveis entidades, Fundação Cesgranrio, Instituto Paulo Montenegro e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, contando com a parceria da iniciativa privada através do movimento “Todos pela Educação”.

A novidade, além da abrangência, 6 mil alunos de 262 escolas municipais, estaduais e particulares, foi enfocar pioneiramente a capacidade de ensino das escolas e o nível de aprendizado de seus alunos.

No resultado da Prova ABC realizada no 3.º ano do ensino fundamental, 44% dos alunos não têm os conhecimentos necessários da leitura; 46,6%, na escrita; e 57%, em matemática.

Deixa-nos envergonhados constatarmos que em média dos 8 aos 10 anos, essas crianças não entendem para que serve a pontuação, nem identificam o tema nem os personagens de uma narrativa. Pior ainda, ao fazer uma compra, pagar e calcular o troco lhes é de grande dificuldade.

Tudo isto é conseqüência de um teste de múltipla escolha, nada extraordinário, com o aluno escrevendo uma carta a um amigo, comentando as férias. A prova, composta por 20 questões e uma redação, avaliou as habilidades em matemática, leitura e escrita; e os resultados negativos mostram a má qualidade do sistema educacional.

Cá entre nós e as torcidas do Flamengo e do Vasco, quem alisou os bancos escolares e recebe um mínimo de informação já sabia desta desgraça. O que a Prova ABC fez, foi esquematizar o produto melancólico de uma pesquisa científica, mostrando diferenças regionais e decepcionantes intervenções pedagógicas.

Por exemplo, o aproveitamento no ensino fundamental das escolas privadas é melhor que nas escolas públicas; e a qualidade da aprendizagem nas regiões Sul e Sudeste, é superior às escolas das Regiões Norte e Nordeste.

Isto me dá, pessoalmente, uma grande tristeza, pois registrei ao passar de meus quase 80 anos a excelência do ensino primário no Nordeste, nada devendo às outras regiões do País. Os grupos escolares nordestinos forneceram grandes quadros da elite intelectual brasileira, e no Rio, nos meus anos ginasiais, quando uma criança ia para a escola particular dava prova de debilidade, procurando o programa “pagou, passou”.

Por isso, considero os resultados da Prova ABC um assunto fundamental para ser discutido em todos os níveis sociais e políticos, considerando que os anos de alfabetização são fundamentais na formação dos jovens, coisa que parece não ser da compreensão das autoridades educacionais deste governo lulo-petista.

Na verdade, este governo – continuação dos 8 anos de Lula e a exaltação do analfabetismo – dá menos prioridade ao ensino infantil do que à propaganda colorida das bolsas para os eleitores universitários, obedecendo ao que há de mais atraente no marketing político.

Como na multiplicação insana dos ministérios (que nem a Presidente sabe enumerar os titulares) multiplicam-se os cursos voltados para “não-sei-o-quê”. De especializações culinárias às folclóricas investigações de sutis diferenças nas religiões afro-brasileiras, ou graduações de caráter duvidoso no ramo da informática.

Expresso a minha admiração por Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire, a santíssima trindade da Educação, e, em particular, a Leonel Brizola que, como governante, investiu no ensino público, tanto no Rio Grande do Sul, como no Rio de Janeiro.

Se o Brasil tivesse reconhecido a intervenção dos 3 mosqueteiros da Educação (que eram 4, como no romance de Dumas) e apostado em dar prioridade à formação educacional das crianças brasileiras, certamente seria outro País sem o triste futuro que nos espera.

Miranda Sá

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