A ciência política ensina que – pelo menos em teoria – as crises trazem lições que devem ser aproveitadas para evitar que se repitam. O governo é o imã das crises e só através delas encontra o caminho certo a seguir.
Não é uma regra geral. Mas, dependendo do governante, a crise política pode ser um aprendizado para o bem fazer, ou, se a origem do problema for a corrupção, como no caso vivenciado pelos consecutivos governos do PT, para a acomodação e consequente locupletação, como ocorreu na Era Lula.
O ex-presidente Lula da Silva passou o poder para Dilma Rousseff não lhe entregando apenas a cadeira presidencial, mas, com ela, um contêiner superlotado de problemas. Bastaria o mensalão comprometendo os principais dirigentes do partido para estender o tapete amarelo gema-de-ovo (a cor é para escapar de acusações racistas) do comprometimento com a corrupção.
Não somos ingênuos a ponto de acreditar que Dilma, coparticipante como ministra da copa-e-cozinha do Governo Lula, desconhecesse o que se passava na Esplanada dos Ministérios ou, pelo menos, nos corredores do Planalto. Deve ter apreendido e aprendido muita coisa quando ocupou a Casa Civil.
Dilma criou, então, a imagem que fez dela na campanha eleitoral: a “Gerentona”, capacitada para chefiar a Nação. Foi a indiscutível malandragem de Lula, pelego sagaz, que a levou à Presidência para fechar os olhos, tapar buracos e prosseguir com o projeto dos 20 anos de poder petista…
Aceitando desempenhar este papel, Dilma deveria ser o que na gíria policial se chama “laranja”, ocupando o lugar de outro. Ela, porém, negaceia. Por consciência ou formação ideológica (é difícil dizer) ela tem resistido a colaborar com os 300 picaretas do Congresso a partir das denúncias e desenrolar do caso no Ministério dos Transportes.
Além do que convencionou chamar de “faxina” na pasta-feudo do Partido da República a Presidente foi além: segurou o pagamento das emendas parlamentares que fazem parte dos restos a pagar de 2009, e foi chantageada pela picaretagem explícita dos parlamentares corruptos.
Mostrou que quando quer, sabe usar o poder, avaliando com clareza e segurança a situação e não batendo palmas para maluco dançar. Enfrentou críticas dirigidas e ousou demitir um ministro popular entre os picaretas e presidente de um partido de peso nas duas casas do Congresso.
Justiça se lhe faça: Dilma enfrentou os escândalos dos Transportes com galhardia e avançou lembrando que na campanha apresentou um orçamento para as obras do PAC no setor, e o encontrou, como presidente, os números multiplicados assustadoramente.
Ao fazê-lo, assumiu o enfrentamento com o PR, um dos aliados mais leais no Congresso, realizando um jogo de cena junto com o senador Blairo Maggi: Fingiu convidá-lo para assumir a Pasta e ele fingiu não aceitar. Assim o PR foi descartado.
Na tática usada, só cometeu – ao meu modo de ver – um erro: nomeou para a vaga do ministro defenestrado, Alfredo Nascimento, o ex-secretário executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, comprometido – sem sombra de dúvidas – com tudo o que presenciou obrigatoriamente. Ou sabia de tudo ou não tem condições de dirigir uma simples secção burocrática.
O outro escorregão não dependeu dela, mas da audácia política de Luiz Antonio Pagot, diretor do Dnit, ao recusar a demissão com ameaças e forçando um pedido de férias para ganhar tempo, ficando por isso mesmo. No lance geral, terminou amansado pelo padrinho Maggi.
Doravante, resta ao PR aguardar como se conduzirá o ministro Sérgio Passos, inicialmente acusado de trair o partido pelos companheiros e, pela oposição, de superfaturar obras para ajudar a campanha de Dilma em 2010.
Seja lá como for o baralho está na mesa e as fichas estão com quem ocupa o poder. A peruagem não está dando pitaco até agora, o que chateia Lula e dá esperança de que Dilma possa, realmente, vencer o jogo contra a corrupção.
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