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A Rede Social, #forapalocci e os #bombeirosrj

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Há quem não concorde e há quem subestime, mas eu acredito piamente que a Rede Social influenciou na demissão de Palocci e na reversão da ordem do governador Sérgio Cabral de prender os bombeiros em greve no Rio de Janeiro.

Fiz uma reflexão sobre a eficácia da Rede Social, baseado na lúcida colocação do jornalista espanhol Diego Beas, escrevendo que “A rede social dotou o cidadão de uma nova e magnífica ferramenta que necessariamente subtrai poder ao Estado”.

Essa intervenção que repercutiu na mídia mundial inspirou-se no movimento Cheiro de Jasmim, que derrubou as ditaduras da Tunísia e do Egito e ainda queima como fogo de monturo em países sob o domínio de ditaduras no Norte da África e no Oriente Médio.

Esse capítulo da História da Civilização transpareceu o poder invisível dos usuários da Internet, levantando idéias, reivindicando, agitando e mobilizando pessoas e grupos de pessoas por atração na justeza da causa defendida.

Isso decretou o fim dos comícios relâmpagos, dos provocadores e agitadores de salão; a velha prática palanqueira do século passado já pode ser considerada uma aberração no universo da comunicação social.

Isto vale para todos os quadrantes do planeta, e não poderia ser diferente no Brasil. Anteontem, um dos líderes do movimento dos bombeiros do Rio de Janeiro, o cabo

Benevenuto Daciolo, com inteligência, convidou o governador Sérgio Cabral e o comandante dos Bombeiros, Sérgio Simões, para a manifestação convocada para a manhã de domingo em Copacabana.

O convite amplamente divulgado pela Rede Social legalizou o movimento e reforçou o clamor popular no Rio por uma anistia ampla e irrestrita para os grevistas, defensores de uma causa justa, o salário de fome da brava gente que salva vidas enfrentando as piores intempéries.

Assim foi declarada uma distensão consensual entre o movimento reivindicatório, o governo do Estado do Rio, e a Justiça. Da parte administrativa já se fala de um aumento de 5,58%, ridículo, mas é o recomeço de uma negociação desprezada pelos governantes.

Este aumento levará os bombeiros para um piso de R$ 1.265, abaixo dos R$ 2.000 reivindicados. Também, deixou de ser fundamental diante da urgência do decreto da anistia, para salvar os líderes da greve de perseguições.

Na cena do Estado do Rio, viu-se que isolado, Sérgio Cabral, depois da besteira que fez chamando os bombeiros de “vândalos”, perdeu a parada para a comunicação de massa invisível, que ganhou inimaginável volume, na Internet, cobrindo o Facebook, Orkut, Twitter, YouTube e outras modalidades de comunicação da Rede Social.

Quase paralelamente tivemos (e temos) o caso Palocci, a quem Walter Maierovitch aponta ter ganhado mais do que Al Capone, pois embolsou R$ 20 milhões em dois meses, contra US$ 60 milhões do mafioso em 13 anos…

A revolta dos usuários da Internet, contra a suspeitosa acumulação de riqueza do ex-chefe da Casa Civil, suplantou as manifestações de repúdio da mídia convencional. Invadiu todas as modalidades de comunicação via Web, batendo recordes de inserção no Twitter. E continua pedindo uma CPI para investigar o caso.

Pelo acompanhamento que mantenho, creio na influência da nova expressão informativa da imprensa, que expressa uma comunicação política com mensagens simples, diretas e poderosas. A Rede Social no Brasil abriu espaços inimagináveis de participação de anônimos na política, combatendo a corrupção e desacreditando os “fichas-sujas” do Legislativo e do Executivo.

Dizia-se antigamente que a imprensa era o quarto poder.  Esta crença está sendo reforçada pela mídia produzida via Internet e Celular, que identifica a auto-comunicação das massas.

Estima-se existir no Brasil mais de 90 milhões de internautas de 14 anos ou mais, e esta significativa fração de 40,06% dos 190.732.694 milhões de brasileiros, surfa na influente Rede Social da Internet, sobre as ondas do Orkut, Twitter, Facebook, YouTube e outras.