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Web: uma elite contra a vulgaridade política

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Tuitando apresento como sentenças repetidamente digitadas um pensamento de Platão e um comentário de Oscar Wilde. Platão orienta meu posicionamento político: “A vida sem questionamentos não merece ser vivida”; Oscar Wilde alimenta minha raiva contra a rudeza, o chulo e o grosseiro, quando sentencia:

Encontrei sobre a vulgaridade uma interessante e precisa expressão do jornalista italiano Pitigrilli, que fez furor nos anos pós-guerra com crônicas diárias em quase todos os jornais do mundo.

Para Pitigrilli existem duas vulgaridades, a exterior e a interior. A primeira se corrige ou não se corrige; a segunda se esconde por meio da educação… Esta colocação, no meu ver, não é precisa. Eu diria que ambas as características podem ser corrigidas através da educação, pela sociabilização e o civismo.

Não sendo filho de chocadeira, nascido e assistido por mãe e pai, todos começam a afastar-se da vulgaridade logo na primeira infância. Independe de classe social, cor, filosofia de vida ou credo religioso.

O Rio de Janeiro, talvez por ter sido a capital do Brasil com a transmigração da família real portuguesa, do Império e da República, desenvolve um processo educativo de aprimoramento cultural e social que faz dos cariocas pessoas civilizadas.

É do Rio que se espalha pelo Brasil afora o lema “faz favor e muito obrigado não custam dinheiro”; e também de São Paulo, o centro propulsor da economia nacional, que pela ideologia do trabalho adotou o respeito coletivo ao indivíduo.

Como exteriorização, jamais será vulgar quem sabe dar “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”; que cede lugar no ônibus e no metrô aos necessitados; e que dá ao outro, o tratamento que gostaria de receber. Até no trânsito infernal…

A vida social será bastante facilitada quando se tem exemplos de respeito mútuo do agente público, professores, policiais, telefonistas, atendentes, fiscais, bancários, carteiros, comerciários, garçons… Essas, e muitas outras profissões, são responsáveis pelo educar, interagindo com os que atendem.

Do lado individual a coisa é mais complexa, porque encontramos em cada cabeça uma sentença. O hábito de fumar, por exemplo, não deveria sofrer proibições legais, porque uma pessoa educada jamais acenderia um cigarro num elevador ou soltaria a fumaça sobre as mesas de um restaurante… Só os trogloditas do século 21.

O trogloditismo é meio animal. O lado animalesco carrega a falta de inteligência, e o lado humano é dominado pelo personalismo, arrogância e desprezo pelo coletivo. Os trogloditas do século 21 encarnam o exemplo mais-que-perfeito da vulgaridade.

No campo político é que se vê – pela exposição na mídia – toda a vulgaridade que o indivíduo pode carregar consigo.

Levemos em consideração o rumoroso “caso Bolsonaro” sobre o qual escrevemos ontem (http://www.mirandasa.com) “Livre expressão do pensamento, ou não?”. Foi incrível a revelação que tivemos quando ele convidou o ideólogo petista José Dirceu como testemunha de defesa.

Evocou a desatenção como fato político. Bolsonaro citou uma reportagem da Folha de São Paulo, que recolheu assinaturas de parlamentares para um projeto sobre a volta do trabalho escravo no Brasil. E José Dirceu assinou-o, assim como Aldo Rebelo e Geraldo Alckmim…

Não haveria maior prova de racismo… E, completando o nosso comentário, ficou um incontestável atestado de como são vulgares os homens públicos deste pobre País do nunca antes… Somos, na Web, uma elite contra a vulgaridade

Miranda Sá

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