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Além de tudo, informante do Dops: Lula – “O Barba”

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

Figura controvertida, Romeu Tuma Júnior lançou um livro “Assassinato de reputações: um crime de Estado”, com revelações extirpadas das vísceras do poder lulo-petista. Ex-secretário nacional de Justiça, Tuma Júnior se demitiu após ter seu nome ligado à máfia chinesa, mas isto não impede que consideremos as suas denúncias e se investigue a veracidade delas.

A revista ‘Veja’ não perdeu a oportunidade jornalística de entrevistar o autor das acusações dirigidas ao incontestável líder do Partido dos Trabalhadores e às ações policialescas do PT-governo. Entre as incriminações, Tuma Júnior é categórico: “Lula era informante do meu pai no Dops”, declarou, acrescentando que o codinome do então metalúrgico sindicalista era “Barba”.

Passar informações a Romeu Tuma (pai) seria preciso uma participação reservada. Não seria qualquer alcoviteiro que mantivesse tal relação; era exclusiva, fora do comum, pois o diretor do Dops era altamente prestigiado nos governos militares, tendo passado pelo Serviço de Inteligência do Dops e a Superintendência Regional da Polícia Federal de São Paulo.

Dizem até que o velho Tuma seria o “doutor Silva”, que participou da repressão na guerrilha do Araguaia.

Tuma Júnior é enfático dizendo à publicação da Abril: “O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. O Lula era informante do meu pai no Dops.”

Recorde-se que o Pai ascendeu politicamente após a redemocratização, projetando-se ao coordenar a operação que encontrou a ossada do médico nazista Josef Mengele, em Embu (São Paulo – 1985). Então o ex-presidente José Sarney nomeou-o diretor-geral da Polícia Federal dando-lhe a tarefa de combater as remarcações de preços nos supermercados durante o Plano Cruzado…

O ex-presidente Lula da Silva é o alvo principal no livro bombástico, mas as acusações se multiplicam, metralhadas pelo eminente atirador. Ele fala que “havia uma fábrica de dossiês no governo. Sempre refutei essa prática e mandei apurar a origem de todos os dossiês fajutos que chegaram até mim. Por causa disso, fui vítima dessa mesma máquina de difamação. Assassinaram minha reputação”.

Deixou a Secretaria Nacional de Segurança em 2010, quando seu nome foi vinculado à máfia de contrabandistas chineses. Diz que foi vítima do PT- governo por ter descoberto uma “conta do mensalão” no exterior.

Essa conta, nas Ilhas Cayman, era operada pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e foi levada a Tarso Genro, então titular da Justiça, a quem pedi apuração para comprovar sua veracidade. “Quando chegou a resposta de Cayman, ao nosso pedido sobre a existência da conta, engavetaram tudo”, afirma Tuma Júnior.

O denunciante vai além; garante que mandou cópia para o ministro dizendo-lhe que a averiguação estava concluída e deveria ser levada adiante. Apresentando as provas, disse a Tarso Genro: “Olha, tem que se ver isso! E até hoje espero a resposta”.

Mesmo sem comprovar, mas ouvindo fontes respeitáveis, este jornalista que lhes escreve já sabia que Lula esteve envolvido na burocracia sindical como pelego da Volkswagen, e que fez cursos nos Estados Unidos por indicação do governo militar, enganando neste jogo duplo a sua turma de católicos de esquerda e trotskistas da USP.

Embora conhecendo a sua condição de pelego sindical, os intelectuais obreiristas de São Paulo pensaram em usá-lo politicamente depois que ganhou do general Golbery do Couto e Silva uma legenda para enfrentar, na redemocratização, o PCB e o PTB, considerados uma ameaça aos ocupantes do poder.

Que Lula era pelego e ligado a Golbery, muitos sabiam disso. Chegando aos meus ouvidos, escrevi vários artigos sobre esta identidade dele, após sua eleição e posse na presidência da República. O que não se sabia, e eu muito menos, é o que Tuma Júnior acaba de publicar: Além de tudo, informante do Dops, sob o codinome “Barba”…

Miranda Sá

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