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Agentes provocadores e a “Primavera de Junho”

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

Desde a “Passeata dos 100 mil” não se via o povo brasileiro coeso ganhar as ruas contra um governo. As manifestações de junho, como aquelas que ajudaram a derrubar a ditadura militar, foram igualmente autênticas. Ambas nasceram do descontentamento contra governos que se fecharam em si, isolados da realidade, e, por vários motivos, privados da simpatia das frações pensantes da sociedade.

Apenas uma diferença: A primeira reivindicava as liberdades democráticas dirigindo toda energia coletiva para a democratização do País; a atual reflete a indignação contra os desmandos governamentais; partidarização da administração pública; desastradas gestões nas empresas estatais; e o populismo inconseqüente da distribuição de bolsas disto e daquilo.

Todo o leque dos malfeitos do PT-governo converge para uma odiosa corrupção, sistematizada e vulgarizada pelos pelegos sindicais que chegaram ao poder por um estelionato eleitoral. Nem mesmo o indiscutível carisma de Lula da Silva os preserva da investida popular, de tantos que são os seus insultos à inteligência nacional.

Mas como não podia deixar de ser, a chispa revolucionária que levantou o povo brasileiro num movimento independente de classes sociais, espontâneo e apartidário, arrefeceu. E foi substituído pela ação imprudente de reformistas desorientados, de anarquistas pequeno-burgueses, de agentes provocadores a soldo de verbas governamentais e dos eternos assaltantes de propriedades depredadas. Enfim, dos inimigos da Democracia.

O oportunismo desses grupos, aproveitando-se do descontentamento popular dirigido contra o PT-governo, é o reconhecimento da força do povo. E os detentores do poder, em vez de entender isto e fazer uma autocrítica, incentivam o imediatismo dos ignorantes e mantém mercenários infiltrados nas manifestações para desmoralizá-las e enfraquecê-las.

Quando oficializam as concentrações de protesto contra os governantes que lhes interessam combater, reúnem uma meia dúzia de gatos pingados, como se viu na manifestação na porta da Firjan, no Rio, com três centrais sindicais e quatro partidos, que mobilizou menos de duzentas pessoas…

Somente o povo com autenticidade – acima dos partidos e movimentos cooptados pelo PT-governo – é capaz de agrupar gente decidida e radical contra a corrupção generalizada, refletida nos gastos da Copa do Mundo. Somente o povo, manifestando-se sem premeditação ou desvios, pode derrotar o sistema corrompido e degenerado do lulo-petismo.

Um novo levante como a “Primavera de Junho” precisa se apresentar natural e inevitavelmente exigindo do Supremo Tribunal Federal o fim da impunidade e a prisão da quadrilha de mensaleiros que atentou contra a Democracia, fraudando o Erário. O julgamento do Mensalão, emblemático, não pode ficar à mercê de chicanas e chicanistas.

É verdade que há na mídia oficiosa à custa de bilionárias verbas publicitárias do PT-governo e ‘militontos’ nas redes sociais, defendendo orquestradamente os corruptos e corruptores. Como gatos escondidos com o rabo de fora, uns e outros tentam iludir a opinião pública com artimanhas diversionistas.

Os que se atrevem a defender a impunidade, por fanatismo ou pagamento à vista ou a prazo, limitam-se a repetir que a corrupção do PT-governo não é só de um partido, que vem de longe, é fortuito, acidental: um mantra hinduísta do Bhagavad-gita.

Mas o povo, com sua compreensão intuitiva – repudia a tentativa de absolvição dos criminosos flagrados praticando o crime, onde foram manuseados muitos milhões de reais que faltam para a Educação, a Saúde e a Segurança.

É preciso que a voz rouca das ruas se avolume e repila a vileza dos agentes provocadores. É preciso que autênticos patriotas gritem, e gritem alto, para que o STF ouça: Exigimos Justiça boa e perfeita! Prisão para os mensaleiros!

Miranda Sá

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