As manifestações pelegas convocadas pelas centrais sindicais para o dia 11 tratam-se apenas de uma concorrência desleal ao povo que ganhou as ruas numa explosão de protestos e reivindicações sem precisar dos ‘movimentos sociais’ cooptados pelo PT-governo, chapas-branca mamando verbas espúrias. Desleal, porque tem o apoio oficial; fala-se até em dar feriado escolar na data.
O que se viu – e não há exagero em dizer – foi o povo brasileiro nas ruas em 277 cidades do País, sem regras de organização, sem lideranças históricas, apartidárias, sem os braços avançados do PT, CUT, MST, UNE e outros menos votados… Assistiram-se as bandeiras expulsas, quando não rasgadas, e seus portadores vaiados.
Isto foi um soco no fígado do PT-governo, que cambaleou sonado, esquecido das vaias históricas a Lula no Maracanã e a Dilma no Mané Garrincha. Partido e governo mesclados num projeto de poder só despertaram ao ver a boneca de ventríloquo ocupante da Presidência da República, cair 27 pontos nas pesquisas sobre sua popularidade.
Na mais perfeita sincronia – nos moldes fascistas – Partido e Governo estavam acostumados ao aplauso nas reuniões oficiais e oficiosas, do oportunismo, do ufanismo pelego de pseudo líderes comunitários, estudantis e sindicais. Essas expressões davam a impressão que o povo estava engessado, submisso à demagogia e/ou anestesiados pela ação marqueteira e a propaganda bilionária.
Cometeram um grande erro, como se viu com a voz rouca do povo erguer-se por todo canto, nas metrópoles, cidades médias, vilas e nos campos. A princípio dirigida por um pequeno grupo que defende a ‘tarifa zero’ nos transportes e revoltada com abusivos aumentos. A seguir, surgiu poderosa, com queixas e reclamações multifacetadas, até com vigorosas denúncias contra a corrupção e a impunidade.
Assim, as massas tomaram forma. Assumiram a personificação da sociedade civil, enfrentando o poder, passando por cima da repressão, pichando e quebrando o que encontrava pela frente. Mas não tresloucadamente. Atacaram a péssima administração dos serviços públicos e investiram contra a inutilidade e a roubalheira da Copa do Mundo.
Como reação, aconselhadas por Lula da Silva, apoiadas pelo PT-governo, as centrais sindicais marcaram para o dia 11 de julho uma greve geral, para contrabalançar os efeitos dos protestos populares. Depois recuaram; não será mais uma greve geral, mas um “Dia de Luta”. Luta por quê? Contra quem? Revocando ou exigindo o quê?
O “Dia de Luta” recebeu o apoio de uma réstia de centrais penduradas no famigerado Imposto Sindical, multiplicadas como os partidos e os ministérios da pelegagem: CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, UGT, CGTB, CTB, CSB e NCST.
Acrescente-se aos penduricalhos do PT-governo, o MST, com suas entidades afiliadas, como Via Campesina, Movimento dos Atingidos pelas Barragens, Movimento dos Pequenos Agricultores e Movimento dos Sem-Teto. E na rabeira de tudo, a desmoralizada UNE transformada em ONG do PCdoB, como aquelas que sugam as verbas do Ministério dos Esportes.
Nenhuma dessas entidades se apresentou na comoção popular d’ “Gigante na calçada,/ De pé sobre a barricada/ Desgrenhado, enorme, nu” – no cantar do imortal Castro Alves. Ali, sim, corporificou-se o autêntico “movimento popular”, movido pela chispa de que falava Rosa de Luxemburgo.
Do outro lado a pelegagem. E o pior de tudo, marchando sob as bandeiras do PT, convocada por Lula e o comando nacional do partido, a participar da programação das centrais sindicais para o dia 11. Além do apoio da inseparável dupla Dilma-Lula, vai ressuscitar a natimorta proposta da constituinte exclusiva e o plebiscito eleitoreiro sob a máscara de ‘reforma política’.
O mais interessante é que se previa um confronto entre os verdadeiros representantes do povo e os pelegos; não será preciso. Entre eles já existe uma contradição. O deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, já se indignou com o que chamou de “enxerto”, a entrada do PT na passeata do Dia de Luta, afirmando “se o PT insistir em levar essa história de plebiscito na manifestação de quinta-feira, 11, a Força Sindical levantará a bandeira do ‘Fora Dilma’”. Os pelegos acordam; mas não se entendem…
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