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Aumento de impostos some do discurso do governo

O Apocalipse que o governo anunciava para depois do enterro da CPMF vai se revelando, aos poucos, um paraíso. Depois de trovejar sobre a cabeça do país a ameaça de impor elevação de impostos que poderia chegar a R$ 12 bilhões, o governo agora fala apenas em cortar os seus próprios gastos. Algo que, se levado adiante, pode suprimir do orçamento de 2008 gastos desnecessários. Bom, muito bom, ótimo.

Nesta quarta-feira (19), Lula reuniu-se no Planalto com ministros e com seu líder no Senado, Romero Jucá. O presidente reiterou aos auxiliares o que dissera na noite da véspera, em jantar com congressistas aliados: nada de pacotes, nada de pressa e nada de elevação da carga tributária.

Lula encomendou aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) o aprofundamento dos estudos que nortearão o trabalho da tesoura. Segundo Jucá, a coisa não é para já. Fica pronta em fevereiro do ano que vem, mês em que o Congresso volta do recesso.

Para fechar 2007 em paz, Lula espera pela aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Trata-se, daquele mecanismo criado na gestão FHC, para permitir ao governo remanejar livremente 20% do naco do orçamento vinculado pela Constituição a setores específicos. Coisa de R$ 90 bilhões.

PSDB e DEM querem entregar a DRU a Lula. Antes, a oposição submete o governo a uma última genuflexão. Quer que, para além das palavras jogadas ao vento, o governo comprometa-se formalmente a não elevar tributos. Nem agora nem no próximo ano.

De resto, a oposição deseja arrancar do governo o compromisso de votar no comecinho de 2008 uma emenda de Tião Viana (PT-AC), que destina recursos adicionais à área da saúde.

Na noite passada, Romero Jucá e o ministro José Múcio, coordenador político de Lula, reuniram-se em segredo com José Agripino Maia e Arthur Virgílio, líderes do DEM e do PSSDB. Ouviram as demandas. Foram a Lula. E, perto da meia-noite, Jucá telefonou para Agripino e Virgílio, para dizer que o presidente comprometera-se em não responder à extinção da CPMF com aumento de outros impostos.

Nesse momento, o plenário do Senado está reunido para votar a DRU. A votação deveria ter começado às 16h. Aguarda-se, porém, pela conclusão de mais uma reunião de Jucá com Agripino e Virgílio. O encontro já começou. Premido pelo calendário, o governo não tem outra alternativa senão submeter-se ao jogo da oposição.
Se não for votada nesta quarta, a DRU vai para o beleléu. Bastaria à oposição apresentar uma emenda em plenário para devolver o projeto à comissão de Justiça, empurrando a deliberação para 2008.

Fonte: Josias de Souza

Marjorie Salu

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Marjorie Salu
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