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SONHO MEU

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Vai mostrar esta saudade, sonho meu/ Com a sua liberdade, sonho meu” (Dona Ivone Lara)

O meu sonho não alcançará os 600.000 anos que a História da Humanidade registra com as andanças do ser humano já dotado de inteligência. Apenas passa pelas lições de Maquiavel e o famoso discurso de Martin Luther King.

Desejo este sonho para suceder ao terrível pesadelo que me atormenta e que aflige e que revolta milhões de brasileiros sofridos ao ver a nossa Pátria refém de quadrilhas políticas infiltradas nos três poderes da República. Esta sensação de angústia oprime a Nação inteira.

Embora acordados, vivemos um pesadelo que sobretudo nos humilha por ver o País sem lideranças patrióticas, sem ordem, espoliada por grupos desonestos, enfrentando toda sorte de calamidades sociais.

Além de todos esses males, estamos na mesma situação em que Maquiavel, dando conselho ao duque Francesco Sforza, governante de Milão, lembra que “ao estar desarmado se obriga a ser submisso, e isso é uma das infâmias de que um príncipe se deve resguardar”.

Ora, bastamos substituir “príncipe” por “cidadão” para mostrar a nossa realidade de brasileiros submissos a pessoas que gozam de foro privilegiado, que andam com guarda-costas e carro blindado, e suspeitosamente pregam com lindos argumentos o desarmamento da cidadania.

Pulando do século 15, da Itália dos Príncipes, para a atualidade, completamos a descrição no pesadelo que se abateu sobre nós, com Martin Luther King, que discursou: “Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos essas verdades como auto evidentes que todos os homens são criados iguais”.

Passaram 54 anos que o grande líder norte-americano se referiu ao seu País como nós queremos aludir ao nosso, onde é insuportável ver a Constituição rasgada por pessoas e corporações que se consideram “mais iguais do que os outros”.

No Brasil, os governantes, parlamentares e magistrados são figuras monstruosas no meu pesadelo. A sua conformação assombrosa aterroriza. Sua presença é repugnante, mas as suas ações, porém, mais do que assustam, me revoltam.

Vejo um Presidente da República gastar bilhões do Erário para escapar de um processo onde é acusado e se diz inocente. Ora, se é inocente, por que evita ser julgado? Ao seu lado, deputados mercenários, traindo o compromisso com seu eleitorado trabalham a soldo pelo próprio interesse.

E há os juízes, fechando o firo no jogo corrupto dos três poderes. É inimaginável vermos muitas sentenças com corruptos, assaltantes do dinheiro público, gozando de liberdade graças a filigranas jurídicas e, pelas mesmas escamoteações, tendo o bloqueio dos seus bens liberado.

No sonho meu, com a liberdade inspirada por dona Ivone Lara, obrigo-me a livrar as caras de alguns governantes, parlamentares e juízes. Seria errado generalizar a feiura ética e moral dos figurantes que protagonizam a farsa da infeliz República Brasileira.

Como não citei nomes dos monstrengos do meu pesadelo, também não menciono as suas (raras) exceções que enfeitarão o sonho que espero sonhar em breve…

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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