Os atributos do soldado são muito reconhecidos nas guerras. Lamentados pela morte ou ovacionados nos desfiles, são heróis e patriotas; mas a consagração em tempo de paz é rara; e. no Brasil, muito poucas.
Um soldado, pelo espírito desprovido de individualismo, pelo poder de decisão e da audácia para enfrentar o desconhecido foi o marechal Rondon. Nascido em 1865 no atual Município Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso, foi batizado como Cândido Mariano da Silva Rondon, e formou-se engenheiro militar na Escola Militar da Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
Segundo um dos seus biógrafos, Rondon e os expedicionários civis e militares que o acompanharam percorreram a pé, em lombos de mulas ou em frágeis canoas, cerca de 77.000 quilômetros (quase duas voltas em torno da Terra), desbravando os sertões brasileiros.
Nestas expedições, implantou o primeiro sistema de telecomunicações no país, conseguindo integrar dois “brasis” que não se falavam: o “Brasil do litoral” com o “Brasil do interior”.
A minha geração familiar (só restamos três) aprendeu a admirar e respeitar o Marechal pela transmissão de histórias sobre ele contadas pelo meu avô, Henrique Miranda Sá, falando das suas incursões por regiões isoladas do Centro-Oeste e Norte. Meu avô de quem mantenho o nome, acompanhou Rondon, trabalhando na construção e instalação da rede de telégrafos do País.
É de lembrar que o Marechal foi responsável pela implantação da primeira linha telegráfica, idealizador do Parque Nacional do Xingu e do Serviço de Proteção aos Índios, SPI, do qual foi diretor.
Além de perseguir o progresso da Nação, o marechal Rondon viu como estratégica a presença dos índios no Brasil Central e na Amazônia pela sua utilidade como guardiães da floreta que protegiam contra incursões ilegais de garimpeiros, madeireiros e posseiros denunciando ilegalidades aos órgãos competentes.
Para ele, uma floresta habitada é uma floresta preservada, razão por que se deveria pacificar os índios, respeitando os seus costumes e tradições, e pela sua formação positivista, os contatos iniciais com tribos isoladas deveriam ser cuidadosos e amistosos obedecendo a máxima: – “Morrer, se necessário for matar nunca! ”.
Esta exigência da floresta ser habitada por índios e com aqueles que com eles convivam fraternalmente respeitando sua cultura e modo de vida deveria ser estimulada; nunca, jamais, por garimpeiros, madeireiros, posseiros e traficantes delinquentes, que são abonados por ministros do Governo Bolsonaro.
Esta invasão de bandidos resultou no brutal assassinato do sertanista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, cometido por capangas certos da impunidade que vem ocorrendo há anos na Amazônia, agora abandonada delituosa e perversamente para deixar a boiada passar como quer o Presidente.
Com vistas nesta criminosa situação, o oficialato militar que estudou a vida do Marechal Rondon nos bancos escolares, deve se envergonhar do que vem ocorrendo na atual política governamental contra o meio ambiente, e na abertura dos territórios indígenas “para a boiada passar”.
O soldado brasileiro que sempre manteve uma posição patriótica em defesa da integridade territorial do Brasil, não pode seguir agora a ideologia enfermiça que vem sendo implantada pelo capitão Bolsonaro para desagregar o País.
Seguindo o exemplo do marechal Rondon devem defender a vida e não a aventura egocêntrica de um renegado do Exército por subversão e insanidade. Ele está lembrado numa passagem do livro ”César e Cleópatra” de Bernard Shaw; este notável escritor e filósofo irlandês pôs na boca da estátua do deus Ra as palavras: “O caminho do soldado é o caminho da morte; mas o soldado que não se desvia dele em defesa da vida é um imbecil”.
É um preceito que não deve ser esquecido. Os quarteis que barraram a tentativa do golpe de 7 de setembro são ocupados por soldados herdeiros da glória de Rondon e certamente defenderão a vida contra a insânia assassina dos inimigos do Meio Ambiente.
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