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SODOMA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Quem semeia para a sua carne da carne colherá destruição” (Gálatas 6:8)

No Velho Testamento, o livro de Gênesis, capítulo 19, descreve como as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por causa do comportamento sexual perverso dos seus habitantes, pecaminoso “aos olhos de Deus”.

Essa catástrofe é estudada por arqueólogos, cientistas e teólogos; e na Universidade Trinity Southwest instituto cristão sediado em Albuquerque, Novo México (EUA), levantam a tese que foi um meteorito que atingiu a atmosfera terrestre mais ou menos há 3,7 mil anos e explodindo incidiu sobre aquela região próxima ao Mar Morto.

Teóricos dos antigos astronautas acreditam que os anjos citados em Gênesis como enviados por Deus, eram na realidade extraterrestres indo a Sodoma levando um ultimato, e que a destruição da cidade se deu num confronto interplanetário usando armas atômicas.

Os fariseus pregavam e os escribas copiavam a lenda ainda repetida pelos sacerdotes de várias denominações cristãs: Sodoma era uma cidade opulenta sob o poder das Artimanhas, do Engano, da Fraude e da Mentira, e os seus habitantes viviam na abundância em orgias luxuriosas….

Este lado religioso é mitológico, envolvendo figuras reverenciadas pelo judaísmo e algumas seitas islâmicas como o patriarca Abrahão. Contam que ele pediu a Deus para não destruir a cidade, ouvindo Dele que se por acaso lá vivessem 10 justos a pouparia.

Então dois anjos foram à cidade e não encontraram os dez justos que a salvaria; pelo contrário, assistiram a dolorosa cena de uma menina que foi sacrificada por ter dado a um mendigo um pedaço de pão: desnudaram-na e untaram-na com mel expondo-a sobre um muro para que os maribondos a atormentasse. Estava assim decretado o arrasamento de Sodoma.

Por interferência divina, os anjos insistiram com Ló, sobrinho de Abrahão, para que fugisse com a sua família antes que a ira de Deus se concretizasse. E orientaram que não olhassem para trás; mas a mulher de Ló olhou para trás e se transformou numa estátua de sal.

No dia seguinte Ló viu de longe uma densa fumaça subindo da terra, como saísse de uma fornalha, sobre Sodoma e Gomorra. Deus havia lançado sobre as cidades uma chuva de fogo e enxofre, arrasando toda a planície, matando todos os habitantes e destruindo toda a vegetação.

Se essa história é fantasiosa, pouco interessa. Serve simbolicamente como um exemplo de castigo para os execráveis dirigentes de qualquer nação. Não custa lembrar o que ocorreu no fim do Terceiro Reich e da União Soviética; os nazistas sob a ditadura de um falso messias cercado por um ministério de figuras execráveis, viciados, corruptos e esquizofrênicos. E os comunistas sob o terror macabro e policialesco do stalinismo.

A associação da obsessão dos políticos carreiristas pelo poder e o egocentrismo, termina sempre castigada, como vimos Mussolini morto por apedrejamento, tendo o corpo pendurado em ganchos de açougue e exibido em praça pública.

Felizmente, o deus do Antigo Testamento não confunde o Brasil com Sodoma. Aqui, nunca ocorreram destruição geográfica e aniquilamento do povo. Mudanças políticas estruturais sempre se deram pelo consenso e a conciliação, como a História registra na Independência, Abolição e República. Viu-se na revolução de 1930 e na queda do Governo Jango em 1964.

Assim, ao pregar uma guerra civil no caso de perder a eleição, é um desvario do capitão Bolsonaro, o aprendiz de Hugo Chávez que surfa nas ondas do negacionismo genocida durante a pandemia.

Há mais alguém que apoie essa aventura? Sem dúvida que há. Mas o que vemos entre os seus frenéticos auxiliares de governo e no fanatismo dos seguidores virtuais (não me refiro ao automatismo dos robôs, mas aos tolos que ainda creem nele) é o eco da voz do chefe.

Assim, é ditoso vermos que ente nós a soberania das Artimanhas, do Engano, da Fraude e da Mentira que reinava em Sodoma resume-se ao delírio de capitão Bolsonaro, oportunista demagogo, ignorante e mentiroso.

Marjorie Salu

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