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SANTUÁRIO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A consciência é um santuário sagrado em que somente Deus pode entrar na qualidade de juiz”. (Félicité Lamennais)

Um santuário (do Latim sanctuarium, de sanctus), no conceito religioso, é um local sagrado, possui objetos simbólicos usados no culto para onde, por devoção, acorrem peregrinos de regiões longínquas.

Os católicos romanos e ortodoxos guardavam nos santuários relíquias e imagens. A Igreja Romana, tendo abolido o culto de imagens, as mantêm, entretanto, como respeito às tradições.

O termo santuário também pode ser usado em sentido figurado. Na Idade Média e mesmo na transição para o Renascimento considerava-se que as igrejas serviam de abrigo, reconhecido pelo Direito Canônico para os fugitivos da justiça e criminosos em geral.

No Brasil, em pleno Estado de Direito, as casas do Congresso estão se transformando em santuários para dar refúgio a políticos corruptos, denunciados pela Lava Jato. O santuário político foi registrado pela primeira vez na Guerra do Vietnã.

Os vietcongs criaram “santuários” nas fronteiras do Laos e do Camboja e em regiões acessíveis apenas pelas “trilhas de Ho-Chi-Mim”. Lá faziam o treinamento de guerrilheiros e estabeleciam pequenas fábricas de armas e gráficas, para o combate e propaganda.

Daí em diante, o conceito de santuário pulou do campo religioso para o campo político: Está associado a um conceito ecológico, pois determina um lugar protegido, com ajuda dos humanos, para grupos de animais selvagens e/ou ameaçados de extinção.

O Dicionário Aurélio registra “santuário ecológico”, local em condições favoráveis à preservação das espécies, onde a caça é permanentemente proibida. E é o título de um filme americano-australiano com roteiro de John Garvin e Andrew Wight, e dirigido por Alister Grierson, que viveu o drama desenrolado pela película.

“O Santuário” conta a história de um mergulhador e sua equipe que são obrigados a fugir de uma tempestade mergulhando mais fundo e embrenhando-se num labirinto de cavernas subaquáticas para sobreviver.

Sem devoção religiosa, nem guerra, nem ambientalismo, os brasileiros se assombram e se revoltam ao ver o Senado acoitar bandidos – oficialmente – como nos tempos do cangaceirismo. Um “santuário” do mal.

O presidente da Casa, Renan Calheiros, ele próprio envolvido numa série de denúncias por ação criminosa, usa a polícia legislativa com sofisticado aparelhamento e portando armas letais para defender-se e abrigar senadores e ex-senadores corruptos.

Com tristeza, o Brasil assiste à formação de uma legião de defensores deste disparate: o Poder Legislativo, que deveria representar o povo, transforma-se num estado dentro do Estado, comandado por bandidos.

Há os que não enxergam a existência de uma polícia particular, com atiradores experientes, prontos para atender uma voz de comando e atirar contra manifestantes indefesos. E pior que isto: com um “grupo de inteligência” formado para a contrainformação, fazendo escutas e preparando dossiês.

Que País é este, que Democracia é esta, convivendo com este cenário antinacional e antidemocrático?  Que Justiça é esta, que cega não para ser imparcial, mas para ser leniente com este estado de coisas?

Pedir intervenção das FFAA ou queixar-se à Mãe do Bispo para mim, não é saída. Somente a volta – POR CONSCIÊNCIA –  dos patriotas às ruas, aos milhões, como juízes, para acabar com a farra do “santuário” de Calheiros…

Marjorie Salu

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