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ROLETA RUSSA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Nunca me esquivo de dar um passeio pelo Planeta e de divulgar notícias internacionais; faço-o com a mesma disposição de independência e, portanto, com isenção e respeito pela autodeterminação dos povos. Irrita-me, porém, ver pessoas que se envolvem nos assuntos internos de outros países até torcendo em suas campanhas eleitorais.

Assim, intitulando este texto de “Roleta Russa” não me refiro à Guerra da Ucrânia, nem a Vladimir Putin, o presidente de Todas as Rússias.

O que trago é a preocupação pela inadvertência das pessoas que dão pouco valor a vida, sem ter a consciência do valor incalculável da existência. Este pensamento leva-me ao jogo de risco, muito presente nos filmes hollywoodianos.

A Roleta Russa consiste em colocar uma só bala no tambor de um revólver, deixando as demais câmaras vazias; o jogador voluntário gira a roleta, põe a arma na fronte, e puxa o gatilho.

O protagonista tem cinco oportunidades do projétil não ser disparado e se safar com vida; por azar, se o projétil for disparado, assiste-se o horrendo espetáculo de um suicídio e o insólito desprezo pela vida.

Um meu sobrinho, com quem comentei sobre o uso da roleta russa num artigo, opinou pela condenação do jogo, e julgou o(s) praticante(s) dizendo que “quando o tiro acerta não há qualquer perda para a humanidade, pois o crânio esfacelado era carente de massa cinzenta” …

A-religioso, este parente é uma contradição ambulante; ama a vida, mas não crê que exista post-mortem, pensando diferente da maioria dos povos, sejam do Primeiro Mundo ou das tribos ainda na Idade de Pedra. A maioria da humanidade crê na imperecível continuidade da vida.

Diante desta ambiguidade fico entre o materialismo vulgar e a superstição porque quero ver julgados em vida e em espírito todos que causam mal à humanidade. Devem ser punidos, seja quem forem; fazedores de guerra e governantes que nada fazem pelos seus governados, ambos levando consigo os cultuadores de suas personalidades e os usuários do discurso do ódio.

Gostaria que uma força superior impusesse a punição exemplar aos indivíduos que não se submetem à exigência dos Deveres e Direitos na sociedade humana, uma legítima bipartição que mais do que dialética, é uma definição obrigatória para cada um.

Defendo que a realidade sócio-política castigue com o desprezo os rebanhos fanáticos encurralados por Bolsonaro e Lula, eliminando as antidemocráticas e desastrosas consequências que trazem ao País.

Precisamos agora, mais do que nunca,  divulgar os deveres do cidadão para com o Estado e o seu direito de receber em troca o respeito dos governantes às pessoas, independentemente do sexo, idade, nacionalidade e formação educacional.

Isto não ocorre na cena da politicagem vigorante nos andares de cima, e nos revolta ao ver a impunidade de criminosos pela Justiça, e o balaio dos políticos corruptos cheios de benefícios, imunidades, privilégios e prerrogativas.

As regalias de juízes, militares e parlamentares são revoltantes. E ainda querem adicionar este apanágio aos milionários pastores protestantes, ferindo o Estado Laico. É o que encontramos na Revolução dos Bichos, de Orwell, com porcos “mais iguais do que os outros”.

Enfim, para acabar com esta situação recorremos à Roleta Russa; cinco espaços vazios para a Nação e um projétil letal para a politicagem corrupta, o que trará a convocação de uma Assembleia Constituinte, sem a reeleição de todos atuais ocupantes de cargos eletivos.

A bala pertence aos cidadãos fardados que podem agir diante da impotência dos civis desarmados, como alertou Rui Barbosa: – “O Exército pode passar cem anos sem ser usado, mas não pode passar um minuto sem estar preparado”.

Será uma proposta “golpista”? Pouco importa, já que o Centro Democrático não é forte o suficiente para derrotar os polarizadores populistas e corruptos.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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