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RISONHA E FRANCA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“É por isso que adoro a escola primária: As crianças acreditam em tudo o que a gente diz” (Seymour Skinner – Diretor da Escola Elementar de Springfield, “Os Simpsons”)

Todos os letrados conhecem a poesia “Escola Risonha e Franca”, mas poucos se lembram que os versos são do poeta português Acácio Antunes: “Antigamente a escola era risonha e franca/ Do velho professor as cãs, a barba branca/ Infundiam respeito, impunham simpatia”.

No meu tempo era assim. Ocorriam o bulling, os ciúmes, concorrência, disputas, favorecimentos, mas a geração de estudantes com que convivi amava a escola, havia uma convivência civilizada e se respeitava os professores.

Mais do que um centro produtor de conhecimentos e cultura, tínhamos a formação cívica do amor ao Brasil, o aprendizado da disciplina e se abria oportunidades para as vocações.

Além das fotos de várias turmas do ginásio e do científico guardo viva a lembrança de vários colegas das atividades comuns, com o canto orfeônico dos hinos dedicados à nossa Pátria e o preito aos heróis da nacionalidade.

Conservo a memória de que levantávamos em silêncio à entrada do professor e da professora, até que nos cumprimentassem; então respondíamos em coro e nos sentávamos. Geralmente um de nós, indistintamente, limpávamos o quadro negro apagando as aulas anteriores ou distribuíamos ou recolhíamos as provas ou os trabalhos de casa.

Ruidosamente nos alegrávamos ao toque da sineta que anunciava o recreio. Alguns aproveitando a autorização de sair para tirar dúvidas sobre a lição com o mestre. A saudade e a mágoa também constam do poema de Acácio Antunes: “Por fim, tudo mudou/ … E aos pequenos mudou em calabouço a escola/ Pobres aves, sem dó metidas na gaiola! ”

É o que constata o professor e escritor J. B. Oliveira, que escreveu sobre a escola: “Na medida em que a ciência avançou, os valores morais e humanos decresceram…” e ao avanço das máquinas, celular, notebook, internet, smartphone e o tablet, as pessoas, crianças principalmente, foram perdendo a humanidade e praticando a violência.

Por sua vez, os professores ocupam o magistério sem ser vocacionados, submetendo-se a concursos somente pelo emprego ou aproveitando facilidades empregatícias da politicagem para conquistar o cargo, ficando muitas vezes à disposição em câmaras de vereadores ou assembleias legislativas…

Por uma legislação sindicalista, capenga, perdeu-se a valorização do mérito graças à famigerada “isonomia salarial”. Com isto, os bons pedagogos, preparados e interativos, se igualam aos displicentes, incompetentes, preguiçosos e semialfabetizados.

É por isto, pelo favorecimento, os picaretas se infiltram nas salas de aula para agitar politicamente e se assumir como quadro partidário “fazendo escola” para ocupar cargos de direção sindical e trampolins eleitorais oportunistas.

Esta gente, amoral, sabe que as crianças e os jovens são suscetíveis a acreditar no que dizem, mesmo com balelas, ideologias superadas, fora do esquadro da sabedoria universalista, da Ciência, da Economia, da Filosofia, da História e da Matemática.

E haja propaganda partidária. É por isto que surgiu o movimento “Escola sem Partido”, de professores autênticos, pais e estudantes conscientes que se levantam contra o que vem ocorrendo nas salas de aula. A proposta já virou lei no Estado das Alagoas e em dois municípios brasileiros.

O triste nisso tudo é que o aparelhamento na Advocacia-Geral da União levou ao STF o pedido de julgamento da lei estadual alagoana considerando-a inconstitucional. Os esquerdóides narcopopulistas fazem questão de confundir e misturar liberdade de cátedra, livre curso da expressão do pensamento, com propaganda partidária.

O futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, inspirado, disse que se o projeto Escola sem Partido for aprovado pelo Congresso Nacional, o texto final deverá ser moderado, sem extremismos. A escola assume a formação didática e os pais dos alunos pela formação religiosa e moral dos seus filhos.

Assim, com o arejamento das ideias e a mudança de costumes arraigados pela corrupção e a inaptidão, teremos dentro das salas de aula a garantia de informar e conscientizar as crianças e os jovens sobre os direitos que correspondem a deveres, a liberdade de consciência e de crença e o amor à Pátria.

Marjorie Salu

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