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REMÉDIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males” (Voltaire)

Quando eu e minha mulher nos casamos, mantivemos o hábito de visitar uns tios para filar os lautos almoços que ofereciam nos domingos aos parentes e amigos. Ao sentar à mesa, ele, casado com a irmã da minha mãe, colocava à sua frente um monte de pílulas e comprimidos que ia tomando enquanto comia.

Quando saíamos de lá morríamos de rir lembrando este fato; e fomos castigados pela natureza do envelhecimento. Hoje, tomo no mínimo seis comprimidos e cápsulas, e ela outro tanto…

Confesso que houve um tempo que eu chamava os médicos de “máfia de branco” e não escondia o desprezo pelos remédios. Quando comecei a precisar deles fiz as pazes com as “bolinhas” a ponto de até me automedicar…

Através das variadas espécies de Medicina temos terapias praticadas através de uma imensa gama de drogas e métodos de cura. Para dormir, para acordar, antiácidos, antibióticos, ansiolíticos, anti-infecciosos, antidepressivos, corticoides, etc.

Ao entrarmos na Medicina Alternativa, encontramos os velhos ensinamentos homeopáticos do doutor Christian Friedrich Samuel Hahnemann, baseados no princípio latino “similia similibus curantur”, “semelhante pelo semelhante se cura”.

A História deste ramo da Medicina nos conta que quando o doutor Samuel Hahnemann pesquisava a farmacologia do quinina, desconfiou da explicação recebida sobre a ação deste medicamento usado no Sudoeste Asiático para a malária, enfermidade tropical que intercala períodos de febre e aparente cura.

Pelo notável amor pela ciência médica, Hahnemann assumiu-se de cobaia e tomou o quinina apresentando os sintomas da malária. Depois, pediu a médicos e estudantes do seu círculo de amizades que mesmo sadios usassem o remédio, e eles também apresentaram os mesmos sintomas; concluiu, então, que qualquer substância capaz de causar sintomas de uma doença em pessoas saudáveis, é capaz de curar uma pessoa doente.

Outras vertentes medicinais se apresentam como a Fitoterapia, de que já tratei em dois artigos anteriores, uma benéfica herança do antigo Império Inca e dos indígenas sul-americanos. Os medicamentos extraídos da floresta são usados até hoje com bastante eficácia entre os ditos civilizados…

Temos, também, vinda do Grande Oriente, a chamada Medicina Oriental utilizando além dos produtos fitoterápicos, métodos terapêuticos como acupuntura e dietética, aplicadas para estabelecer o equilíbrio do organismo, conforme ensinam as milenares culturas da China, Coreia e Japão.

Estudando por curiosidade a diversidade de diagnósticos e receituário médico, procurei saber o que é a Aromaterapia, e as primeiras pessoas a quem indaguei ensinaram-me que se trata de um ramo da Fitoterapia. A palavra “aromaterapia” vem dos termos gregos “aroma” = odor agradável + “therapeia”, seja, “tratamento pelo cheiro”.

Em concordância com os seus adeptos – são muitos, e proliferam cursos, lojas especializadas e até Ongs -, a terapia por aspiração de odores agradáveis ajuda a combater ansiedade, dor, depressão, estresse e insônia; e do ponto de vista holístico, atua pelo equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual.

A História registra que Montaigne (Michel Eyquem de Montaigne) jurista, político, filósofo, e extraordinário ensaísta, foi pioneiro ao sugerir que os médicos usassem aromas como terapia, dizendo que os perfumes influem e transformam o ânimo e o humor.

… E no anedotário, conta-se que Montaigne quando antecipava para um amigo trechos do seu ensaio sobre perfumes e estranhando o silêncio do interlocutor, encarou-o e viu que ele estava de olhos fechados; pensou que ele havia adormecido, mas se enganou:  o amigo, alérgico a odores, desmaiara só em ouvir falar de perfumes…

Marjorie Salu

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