Piano
Suavemente, na penumbra, uma mulher canta para mim;
Fazendo-me voltar e descer o panorama dos anos, até que vejo
uma criança sentada debaixo do piano, na explosão do prurido das
cordas
E pressionando os pequenos, suspensos pés de uma mãe que sorri
enquanto ela canta.
Apesar de mim, a insidiosa mestria da canção
Atraiçoa-me fazendo-me voltar, até que o meu coração chora para
pertencer
Ao antigo entardecer dos domingos em casa, com o inverno lá fora
E hinos na aconchegada sala de visitas, o tinido do piano o nosso guia.
Por isso agora é em vão que a cantora irrompe em clamor
Com o appassionato do grandioso piano negro. A magia
Dos dias infantis está em mim, a minha masculinidade
É desencorajada no fluxo da lembrança, choro como uma criança
pelo passado.
D. H. Lawrence
(Tradução de Cecília Rego Pinheiro)
O Poeta
David Herbert Lawrence – (1885-1930) Filho de um mineiro e de uma ex-professora, D.H. Lawrence tornou-se objeto de amor possessivo pela mãe após a morte do irmão mais velho.
Após ter se formado, Lawrence abandonou o magistério. Em 1912, apaixonou-se por uma mulher divorciada, passando a viver com ela na Áustria e Itália.
Em 1914, de volta à Inglaterra, é tachado de rebelde e tem seu romance ”O Arco-Íris” apreendido, acusado de obscenidade. Em 1920, publica ”Filhos e Amantes”, baseado nas relações conflituosas com a mãe.
D.H. Lawrence escreveu também poesias e ensaios.
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