O granizo salpica o chão como se as mãos das nuvens
quebrassem com estrondo um pedaço de gelo
para a salada de fruta dos pomares…
O cafezal, numa carreira alucinada,
grimpa as lombas de ocre
apedrejada matilha de cães verdes…
fremem, gotejam eriçadas suas copas
como pêlos de um animal todo molhado.
O céu é uma pedreira cor de zinco
onde estoura dinamite dos coriscos.
Rola de fraga em fraga a lasca retumbante
de um trovão.
Os riachos
correm com seus pés invisíveis e líquidos
para o abrigo das furnas.
No terreiro,
as roupas penduradas nos varais
dançam, funambulescas, com as pedradas,
numa fila macabra de enforcados!
Menotti Del Picchia
O Poeta
Menotti Del Picchia, bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1913, publicou Poemas do Vício e da Virtude, seu primeiro livro de poesia. Nos anos seguintes colaborou em vários periódicos, entre os quais Correio Paulistano, Jornal do Comércio e Diário da Noite, tendo sido um dos articuladores da Semana de Arte Moderna, em 1922. Criou, em 1924, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, o Movimento Verde e Amarelo, de tendência nacionalista.
Em 1937 foi diretor do Grupo Anta, com Cassiano Ricardo, e diretor do Movimento Cultural Nacionalista Bandeira, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, em 1942. Em 1960, recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Principais livros: Juca Mulato (1917), As Máscaras (1920), A Angústia de D. João (1922) e O Amor de Dulcinéia (1931).
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