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Pelegos

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Pelego” é um termo depreciativo que se popularizou na década de 1930, no primeiro governo de Getúlio Vargas. É a designação gauchesca para um retalho de lã de carneiro que amacia a sela de montaria. Quem se deixa sentar em cima é servil… O Dicionário do Aurélio define: Pelego: Pessoa subserviente, capacho.

O termo foi usado para indicar os delegados do governo getulista infiltrados nos sindicatos; em vez de defender os filiados, faziam jogadas nas negociações com o patronato. Mais tarde, os próprios empregadores usaram este método de controle remoto no movimento sindical dos trabalhadores e nos próprios…

Inúmeros desses agentes conquistaram a direção de sindicatos e por muitos anos controlaram federações e confederações de trabalhadores através de maracutaias estatutárias. Ainda hoje, valendo-se das imunidades que lhes são garantidas por lei, muitos se reelegem indefinidamente.

A figura do pelego não serviu apenas ao governo Vargas. Estendeu-se às administrações governamentais posteriores, inclusive na ditadura militar, quando apareceram como interventores no sindicalismo submetido ao sistema imposto.

Essa personagem sinistra não foi criação brasileira, e também não foi por acaso. Nasceu com o fascismo italiano e a Carta Del Lavoro de Benito Mussolini. E, a bem da verdade, excetuando dos pelegos, a Carta Del Lavoro foi o modelo para a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, que, apesar das minudências legislativas inúteis, trouxe garantias aos trabalhadores que até os anos 1930 eram semi-escravos.

Os sindicatos surgiram nos albores do século 20 no Brasil, na bagagem de emigrantes italianos e espanhóis anarco-sindicalistas; e substituídos mais tarde pelos comunistas, cuja influência justificou a intervenção neles pela ditadura Vargas. Com a redemocratização de 1945, os pelegos influenciados pelo getulismo atuaram no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

No seio do movimento sindical, trabalhistas e comunistas se digladiaram até João Goulart assumir a presidência da República com a renúncia de Jânio Quadros. Daí se aliaram sob o janguismo confundindo-se na pelegagem…

O movimento militar de 1964 derrubou Jango e, ao se consolidar, ampliou o peleguismo: estimulou a criação de sindicatos rurais, de pescadores e também os “conselhos comunitários”, aparelhando-os.

Nesse cenário, surgiu Lula da Silva servindo a três senhores, como é do seu feitio oportunista: Era ligado ao partido comunista (PCB), informante do Dops, e prestava serviços à Volkswagen. Com seu amoralismo conquistou a confiança de todos três, e foi assim que mereceu do general Golbery do Couto e Silva uma sigla partidária e fundou o Partido dos Trabalhadores com a função de servir como anteparo ao PTB e ao PCB.

Na origem, o PT de Lula foi um balaio onde se juntaram anarquistas, trotskistas e stalinistas dissidentes do PCB, e a esquerda católica. Conforme o combinado propôs-se a enfrentar o trabalhismo, o comunismo soviético, o imperialismo norte-americano, o latifúndio, e, vagamente, o capitalismo. O manifesto de lançamento, com tais propostas, poderia ter sido escrito por Benito Mussolini.

O jornalista Hélio Schwartsman lembrou, num artigo publicado na Folha de São Paulo, um fato relativo à pelegagem que anda esquecido. O objetivo dos sindicatos corporativistas do fascismo era eliminar a luta de classes. Como se vê no Brasil do lulo-petismo.

Perguntem a professores, pessoal da Saúde, servidores públicos, pessoal das empresas estatais que tanto ajudaram a subida do PT ao poder e se desencantaram. Seus sindicatos estão isolados, e suas greves relegadas e reprimidas. Na marcha totalitária dos petistas e seus sabujos, obesos de autoritarismo, defendem hoje a sua “paz social” para manter-se no poder.

E dessa maneira, sindicatos e movimentos sociais controlados serão usados como “conselhos” na “república sindicalista” que o abjeto decreto executivo 8243 arrisca impor ao País.

Não fosse a resistência patriótica das redes sociais, a aprovação do 8243 materializaria o sonho do pelego-mor Lula da Silva, para conveniência e proveito dos corruptos e corruptores que ocupam o Palácio do Planalto em nome do degenerado “socialismo bolivariano”.

Miranda Sá

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