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País das Maravilhas

MIRANDA SÁ (E-mail mirandasa@uol.com.br )

Tive, eu e minha irmã, a felicidade de nascer numa família de professoras, no tempo em que o magistério impunha o respeito  a quem os chineses dedicam o título de “professor” para pessoas realmente sábias. Minha mãe e minhas tias nos educaram com o que havia de mais avançado à sua época; e, na prática, tínhamos sessões de leitura até hoje gravadas em minha memória.

Derivando das histórias de bichos de origem afro-indígena, vieram as “Mil e Uma Noites” e os contos de fadas, escritas pelos Irmãos Grimm. Inesquecíveis a mistura dos duelos dos jabutis e dos macacos contra a onça, provérvbios com lições de Esopo com a “A Cigarra e a Formiga” e a “Raposa e as Uvas”. O discípulo francês do pensador grego, La Fontaine, nos deu “O Lobo e o Cordeiro”.

Dos Grimm tivemos “Branca de Neve”, “Chapeuzinho Vermelho” e “João e Maria” pelo que me lembre, e, como não podia deixar de entrar nesta coleção admirável, nos embasbacamos com Lewis Carroll e “Alice no País das Maravilhas”, que mais tarde vimos no cinema.

Nunca pensei que oitentão revivesse o clássico de Carroll com uma presidente da República desvairada que criou um País das Maravilhas no lugar do nosso Brasil dominado pela corrupção, inflacionário, estacionado e até regredindo no tempo e no espaço.

Os prodígios advindos da impostura de Dilma e do PT-governo se esfumaçam quando constatamos a ruína do País, com a administração pública aparelhada, a derrocada da Eletrobras e da Petrobras e o que é desolador, o descrédito nos institutos de pesquisa, acionados para maquiar a verdadeira face da realidade.

Desmoralizando-se por si, até pela cínica constatação dos seus dirigentes, assistimos o fim do IPEA, que foi um dos órgãos sérios a serviço do Estado. Agora, chegou a vez do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com seus 143 anos de profícua contribuição para a História do Brasil.

Na sua trajetória, o IBGE sempre irritou os governantes quando algum índice obtido não lhes era favorável; mas não passou pela cabeça de nenhum deles intervir no Instituto para manipular dados, nem nos sonhos de Juscelino Kubistchek, nem no populismo janguista, e nem no ufanismo do regime militar.

Tudo começou quando a presidente Wasmália Bivar assumiu que quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) começasse não poderia parar de divulgar o cronograma. E aplicando o Pnad, o País tomou conhecimento um desemprego médio de 7,1% no ano passado, o que enfureceu os assessores presidenciais que acumulam a função de cabos reeleitorais de Dilma.

A pelegagem, acomodada com os números pouco precisos da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), querem evitar estatísticas reais e assim suspenderam a divulgação dos resultados trimestrais do Pnad, numa intervenção grosseira que revoltou o respeitável corpo técnico da Diretoria de Pesquisas da instituição.

O pessoal responsável do IBGE tirou uma nota afirmando ser “insustentável” sua permanência nos cargos caso a suspensão for mantida, e a diretora Márcia Quintslr demitiu-se do cargo que ocupava desde 2011.

Com isso, fica transparente o aparelhamento das pesquisas oficiais para Dilma, irresponsavelmente, divulgar mentiras aos brasileiros, anunciando-lhes fantasiosos dados sobre o emprego e a renda no seu País das Maravilhas. E fica também nítida a irresponsável ingerência político-eleitoral nos órgãos de Estado.

A importância das pesquisas nada representa para os pelegos lulo-petistas. Eles são papéis carbono dos governos narco-populistas, como o da Argentina, onde a Casa Rosada manipula dados sobre a inflação, esquecendo-se que é na feira e nos supermercados onde se mede o custo de vida.

O “País das Maravilhas” de Lewis Carroll foi seguido por outro livro, “Alice Debaixo da Terra”. O País das Maravilhas de Dilma também tem a sua continuação: está debaixo da lama ideológica dos fins justificam os meios, acolhida pelo PT-governo.

Miranda Sá

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