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OPOSIÇÃO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Uma réplica oportuna revela um espírito atilado; a tomada de uma providência eficaz diante do perigo é indício de uma mente equilibrada”     (Clausewitz)                                                                                                                        

Menos de duas semanas após o anúncio do resultado oficial das eleições para a Presidência da República pelo ministro Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ainda persistem rumores, suspeitas e resistência às urnas eletrônicas, à forma como foi feita a apuração e com a direção de Toffoli, ex-advogado do PT, inspirando desconfiança.

Os números eleitorais resultantes dos votos válidos dão 51,64% dos votos a Dilma Rousseff, e 48,36% a Aécio Neves. Vê-se com este quadro um eleitorado dividido ao meio.

Não sei de onde veio e de quem partiu, mas sempre ouvi falar num princípio que reza: “Quem ganha eleição, governa; quem perde, faz oposição”. A “oposição” dicionarizada: origem latina, “oppositione”, substantivo feminino –  Vontade contrária; ato ou efeito de se opor ou se colocar contra algo ou alguém.

Fala-se de oposição no Código de Processo Civil com o oponente visando defender um direito seu disputado por outros; e, na política, refere-se a partido ou grupo de partidos contrários ao governo. Hoje temos também as redes sociais onde uma oposição atua ativamente.

Como fazer oposição? Antes de mais nada, precisa-se de um líder de boa formação, elegante, e com autodomínio, capaz de enfrentar o adversário; uma frente partidária consciente e leal; e, apoio da cidadania (temos 74% dos brasileiros insatisfeitos com a incompetência e indignados com a corrupção).

Aécio Neves defendeu no Senado Federal uma oposição institucional respeitando a Democracia, sem uma cisão nacional que leve à secessão federativa, sem rebelião subversiva e, principalmente, sem atos terroristas. Ele prega justamente o contrário do que a pelegagem lulo-petista defende e pratica.

Thomas Jefferson, um dos líderes da guerra de independência dos EUA, tem uma lição para a oposição: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. É isto. Manter ininterrupta e permanentemente a fiscalização nos atos do governo, da presidente da República, dos seus ministros, dirigentes de bancos públicos e empresas estatais. Nunca esquecer que camarão que dorme a onda leva…

Como líder das oposições, Aécio Neves mostrou equilíbrio diante do diálogo proposto pelo PT-governo; condicionou-o à investigação do Petrolão e punição dos criminosos, com base nas delações do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.

Creio que quem votou em Aécio, quem se manifestou nas ruas pedindo recontagem de votos e contra a corrupção, os que estão dispostos a se manifestar no Dia da República contra o PT-governo incompetente e corrupto, estão satisfeitos em vê-lo conduzir com prudência a oposição;

A frente parlamentar oposicionista ao PT-governo é um caso à parte. Não pode fazer concessões; deve atuar sob a visão de que: “a mulher de César não precisa apenas ser honesta, mas parecer honesta”.

Urge protestar ao ver a Câmara aceitar por corporativismo e cumplicidade a permanência de André Vargas, corrupto e corruptor parceiro do doleiro Yousseff; e não ensaiar acordos com o PT para livrar João Vaccari Neto, distribuidor das propinas do Petrolão, e a usufrutuária de R$ 1 milhão, Gleisi Hoffmann.

Isto não pode ocorrer. Aliás, nos dois mandatos de Lula a oposição parlamentar praticamente não existiu; e no primeiro mandato de Dilma, foi uma vergonha. Em várias ocasiões calou-se – e perdeu tempo, prestígio e respeito –, como no caso imoral e criminoso de Palocci e o caseiro, envolvendo ilegalmente a Casa Civil, a Receita e Caixa Econômica.

Deputados e senadores oposicionistas precisam focar a Casa Civil, que virou um circo de horrores protagonizado por Dirceu, Palocci, Gleise e a amiga da Dilma, Erenice Guerra, fazendo desatinos; e Rosemary Noronha, transformando a representação paulista do Governo num lupanar.

A oposição parlamentar precisa de organização, ousadia e consciência da sua função, monitorada pelas redes sociais.

Olhemos a História do Brasil. Do Império até hoje, passando pela República Velha, ditaduras civis e militares e até no arremedo do que foi a “Nova República”, tivemos ações oposicionistas atuantes, sem colaboracionismo nem oportunismo. Isto é o mínimo que esperamos da atual oposição partidária. Que seja para valer!…

Miranda Sá

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