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OPINIÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem” (Ulysses Guimarães)

Sobre a mesa postada pelos agentes da mídia, servem-nos uma salada mista de informação, análise e opinião que se torna indigesta ao ser temperada com o tempero tóxico das fake news.

Prós e contras em excesso distorcem a informação; as análises azedam ensopadas de ideologia; sobra somente a opinião dos comensais degustando e apreciando para definir o paladar das diferenças agridoces.

A Opinião é filha legítima da liberdade de expressão do pensamento. Como verbete dicionarizado, Opinião é um substantivo feminino de origem latina “opinio”, significando o parecer sobre alguém ou alguma coisa.

É vista comumente como modo de pensar, ponto de vista pessoal relativo a um assunto, fato ou pessoa. Traz quase sempre o lado positivo que leva receptor à reflexão; mas, como toda regra tem exceção, também embaralha a compreensão quando chega sem fundamento ou confirmação.

Entretanto, positiva ou negativa, a opinião de quem vive em grupo é inevitavelmente expressa, pois nasce do sentimento no tempo e no espaço em que se vive, dos assuntos abordados, dos temas levantados e dos problemas apresentados.

A opinião que transborda de todas as cabeças é determinada por impulso. O seu juízo se forma cerebralmente. Faz-se necessário, porém, distinguir a opinião pessoal da opinião pública, porque esta última é a soma conjuntural das opiniões pessoais.

Como a “opinião pública” reflete a maioria ou a minoria dos cidadãos quando divulgada maciçamente pela mídia, sua dimensão deve ser recebida com cuidado, necessariamente avaliada e medida.

Do outro lado, o modo de pensar e opinar de cada um pode e deve circular livremente sem influenciar a sociedade porque se limita aos círculos familiares, aos locais de trabalho e estudo, ou à vizinhança domiciliar.

É muito fácil expressar opinião. A minha filha mais nova, Manuela, foi com uma amiga à Itália e se encantaram com Veneza; em contraposição, a minha querida amiga Wanda Figueiredo, jornalista e escritora mineira que faleceu no ano passado, viu Veneza como uma cidade fedorenta com canais que são esgotos de fossas urbanas.

O mundo da cultura reverencia Dante Alighieri e a sua “Divina Comédia” como um clássico épico e teológico; divergindo, Voltaire considerou a obra como o “delírio de um bárbaro”.

Achegando-se aos círculos políticos, lembramos dos elogios de certo modo exagerados da presidente do PT, Gleise Hoffman a Barack Obama, quando chamou o corrupto Lula da Silva de “o cara”; e recentemente atacou virulentamente o ex-Presidente dos EUA por trazer no seu livro de memórias registro de que conhecia os casos de corrupção envolvendo o Pelegão condenado de Justiça.

Vemos assim que na conjuntura política o juízo formado conscientemente vive recluso, enquanto os conceitos apaixonados do “achismo” jorram cascateando nas redes sociais no calor dos embates entre a oposição e o governo.

No Twitter, essas diferenças de opinião se manifestam com insistência. Vê-se, como exemplo, o lado bolsonarista atacar os dissidentes do movimento que levou o Presidente ao poder; e toda e qualquer pessoa seja quem for, juiz, parlamentar ou cidadão que se mostre descontente, são atacados virulentamente.

Do outro lado, também os oposicionistas não perdoam Jair Bolsonaro, criticando a sua linguagem grosseira e a defesa abusiva dos deslizes dos seus filhos, vistos pelas lentes do Telescópio Canarias, conhecido nos meios científicos como GTC – o maior do mundo.

Diante do entrechoque político, alguém já aconselhou que “as diferenças de opinião nunca devem suscitar inimizade nem ressentimento”; entretanto, ao meu juízo, acompanho o estrategista Von Bismarck: “Um grande estado não pode ser governado com base nas opiniões de um partido”.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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