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Lula quer dominar a radiofonia

A condenável tentativa de impor um Conselho Federal de Jornalismo para fiscalizar o exercício profissional dos jornalistas e disciplinar os órgãos de imprensa, assim como a criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual – Ancinav, para controlar a produção cultural, fracassaram sob o peso da opinião pública. Mas Lula da Silva não desistiu.

Os primeiros projetos totalitários se apoiaram nos pelegos da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, deixando explícita a instalação de expedientes regulatórios, que nada mais eram do que uma forma velada de censura.

Agora vem o lulismo-petismo noutra investida com um sistema nacional de rádio submetido ao PT-governo. O projeto está pronto e deve ser anunciado em breve; tem o objetivo, segundo consta, de transmitir a comunicação oficial dos diversos órgãos administrativos à população, através de emissoras ligadas à Radiobrás e outras a ser concedidas.

Batizando o monstrengo de Rede Pública de Rádio, Lula da Silva propõe fazer circular mensagens federais, estaduais e municipais em convênio com as concessionárias de canais radiofônicos dos governos estaduais e municipais, assembléias legislativas, câmaras municipais, ongs e sindicatos.

Na década de trinta do século passado a Ditadura Vargas tomou uma iniciativa semelhante para alcançar a sociedade com noticiário dirigido pela ótica governamental. Era copiado dos governos totalitários de Mussolini e Hitler, que usaram o rádio para divulgar as arengas fascistas. Depois, a ditadura militar de 54/69 implantou um sistema de comunicação por rede, aproveitando a tecnologia dos satélites; e os governos eleitos após destinaram verbas para a Rádio Nacional e outras emissoras públicas a fim de utilizá-las politicamente.

Desta vez, porém, a ambição desmedida pelo poder de Lula da Silva e seus pelegos, representa um perigo iminente porque coincide com a implantação da radiodifusão digital que entregue às mãos da pelegagem cerceará a liberdade de expressão. Uma real ameaça à democracia.

Se o modelo fosse xerocado da TV-Cultura, seria até aceitável. Acompanharia as experiências dos países civilizados, como a excelente BBC inglesa e o respeitado Le Monde francês. Não se pode, porém, confiar que o lulismo-petismo, carimbado por atos vergonhosos de corrupção ativa e passiva, assuma uma tarefa que exige lisura editorial e respeito aos princípios republicanos.

No Rio Grande do Norte, concretizamos um projeto de comunicação republicana, iniciativa louvável da Imprensa Oficial. Trata-se do mensário “Três Poderes da República” que, homenageando o jornal pioneiro de Pedro Velho, divulga com isenção e sem propaganda política, as atividades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Encontramos nesta prática jornalística a base de uma editoria apartidária, praticando um autêntico jornalismo de Estado, com respeito às instituições republicanas. Ao contrário do que faz o Departamento Estadual de Imprensa, não acreditamos que um governo que por duas vezes tentou controlar jornais e produção cinematográfica e televisiva, cumpra este papel. Lula da Silva quer na realidade disciplinar os jornalistas, artistas, dramaturgos e produtores culturais.

Após as anteriores tentativas de domesticar a comunicação social, Lula da Silva deve dar total transparência nas suas intenções ao criar a Rede Pública de Rádio; até agora não o fez, porque nem o presidente da Radiobrás, Eugenio Bucci, tomou conhecimento do projeto. Bucci, aliás, sequer foi comunicado a respeito. Imagine-se como será apresentado à sociedade esse monstrengo anti-democrático. Isto é mal.

Miranda Sá

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Temas: AncinavCFJLulapelegosPTradiofonia

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