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LINGUAGEM DO SILÊNCIO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

As teorias além da vida humana na Terra para o Universo, leva muita gente a perguntar como seria a comunicação entre terráqueos e alienígenas; a resposta é de uma simplicidade contundente: – “por meio de gestos”.

Talvez por isto nos surpreendam a quantidade de estudos sobre os gestos. Esqueci a fonte, pesquisei e não achei, mas tenho na memória a teoria de um antigo filósofo grego enunciando que: “É caminhando que, na prática, se demonstra o movimento”. Está aí o resumo de uma definição pelo gesto. A linguagem corporal, segundo estudos, expressa muito mais uma resposta do que a linguagem falada e escrita.

Transmitimos essas mensagens pela postura e gestos com várias maneiras de atitude e mímicas, como coçar a cabeça, contrair a face, cruzar os braços, inclinar o corpo e olhares dispersos…. Temos até acenos obscenos de ofensas que chamo de “pornomímica” … rsrsrs.

Há uma teoria formulada pelo professor Alberto Mehrabian sobre comunicação, que obedece à regra dos 7%-38%-55%, seja, usamos 7% com palavras, 38% pelo tom de voz (velocidade, tom, volume) e 55% para nossos movimentos, gesticulações e expressões faciais.

Vemos pessoas que gesticulam exageradamente, até mesmo falando ao telefone, e se bem atentarmos para as exibições das suas contrações, olhares e trejeitos, podemos julgá-los de várias maneiras e até ser interpretá-los equivocadamente.

Também as expressões corporais podem ser confundidas e muitas vezes o são; na linguagem do silêncio, só a escrita não decepciona, e a milenar sabedoria chinesa atesta isto afirmando que um desenho explica muito mais do que mil palavras. É por isto que quando certas cabeças duras não conseguem entender um fato, a gente pergunta: “Quer qu’eu desenhe?”.

Então, desenhando a realidade que temos atualmente à nossa frente, os traços nos levam a George Orwell ao aconselhar pelo seu “1984” que no enfrentamento ambíguo e duvidoso da verdade com a inverdade, devemos nos conscientizar que ficando com a verdade, mesmo que todo mundo fique contra, não pense que está louco.

Diante desta conjuntura, transmito a minha experiência pessoal: ao ler qualquer texto, sinto na escrita a melhor forma comunicativa do silêncio; então exijo do autor uma explicação clara, direta e elementar. Tento da minha parte cumprir este preceito, e logrando conquistar eleitores, redobro meus cuidados.

Um deles é compreender a guerra como uma continuidade da política, e desta maneira desprezar o maniqueísmo midiático contemporâneo vendo que nos conflitos atuais que ocorrem mundo afora, não assistimos uma luta do bem contra o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância, como ensinou Buda.

Os esclarecidos serão sempre vitoriosos, cedo ou tarde. Na linguagem do silêncio não há equívocos; e tenho como exemplo uma passagem em tecnicolor nas Mil-e-uma-Noites.

É o provérbio inserido na fábula do sábio que solicitou ao Califa sua participação entre os doutores que o assessoravam. Cochichos levaram o monarca a mostrar-lhe que o quadro estava completo, demonstrando isto com um copo cheio d´água até a borda; e, sobre ele, despejou com um conta-gotas um pingo, e a água transbordou.

O Sábio (não era por acaso um sábio) foi ao canteiro de rosas (o Califa despachava nos jardins do palácio) e colhendo uma pétala da flor colocou-a levemente flutuando no copo. Esta metáfora foi aplaudida por todos os presentes, e ele conquistou o cargo pleiteado e a certeza de como as expressões silenciosas são poderosas.

Entre elas, citei acima o gesto manuseado de um xingamento, que batizei de “pornomímica.” Aproveito-o com o meu dedo apontador hirto na direção dos ministros do STF, mandando-os se conformar de que não são senhores da verdade.

… E, com o mesmo gesto, para Bolsonaro e Lula enviando-os polarizarem “naquele lugar”.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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