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IDEOLOGIA DO CINISMO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Nas fases mais avançadas do cretinismo, a falta de ideias é compensada pelo excesso de ideologias”. (Carlos Ruiz Zafón)

Nunca se abusou tanto da palavra “Ideologia” como nos tempos atuais; esta excessiva inconveniência vai dos professores papagaios de slogans partidários à demagogia política dos andares de cima, passando, é claro, pela imprensa a serviço do globalismo.

O verbete “Ideologia”, dicionarizado, é um substantivo feminino que expressa vários significados, tido como algo ideal na formação das ideias, doutrinas ou utopias adotadas por um indivíduo ou uma coletividade.

“Ideologia” foi um neologismo criado pelo filósofo francês Destutt de Tracy (1754-1836) propondo tornar-se uma ciência para pesquisar a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo. O termo teve um sentido pejorativo de Napoleão, que chamou De Tracy e os seus seguidores de “ideólogos”, como deformadores da realidade.

Apesar das críticas recebidas, o estudo da ideologia se acentuou e o filósofo alemão   Georg Wilhelm Friedrich Hegel aproveitou-o para explicar a abrangente história da filosofia, da ciência, da arte, da política e da religião, nascendo daí o método dialético de análise.

O princípio ideológico original trazia duas concepções: a neutra e a crítica; Karl Marx, filósofo idolatrado pelos comunistas e fascistas (excluindo-se os nazistas antissemitas, por que era judeu), aboliu a crítica e abandonou a neutralidade, resumindo o conceito de ideologia como reflexo da luta de classes, e não como o conjunto de pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos.

Olhando do ponto de vista de que a ideologia se manifesta pela relação social, a encontraremos na família, na escola, na igreja, nos partidos, nos órgãos civis e militares do Estado e até nas torcidas de futebol…

Ligando a ideologia aos sistemas políticos a visão filosófica atual aponta várias definições, como ideologia anarquista: libertária pela abolição do Estado e de todas as formas de controle de poder; ideologia conservadora defendendo valores morais e sociais; ideologia democrática, participativa e liberal; e ideologia totalitária englobando comunismo e fascismo pretendendo impor um Estado poderoso e onipresente.

Daí temos ideologia da demagogia, da desonestidade, da estética e da paixão… Vulgarizada pela mídia e instrumentalizada por uma minoria ruidosa, surgiu uma tal de “ideologia de gênero”. Seria melhor intitulada “ideologia de gênero zero”, pois defende que a sexualidade humana não é um fator biológico, mas construção social e cultural.

Este lixo se tornou uma bandeira comum ao globalismo e ao narcopopulismo, ambos desejosos de destruir a sociedade tradicional. No Brasil, seus aderentes lulopetistas adotam o princípio de que “os fins justificam os meios”, princípio de outra ideologia, “ideologia do cinismo”.

Presente no cenário eleitoral, não há exemplo mais do que perfeito da ideologia do cinismo vermos pessoas e organizações que acusaram de golpe o impeachment de Dilma. Foram às ruas, puseram bandeirinhas nas janelas, usaram camisetas e botons, e agora se abraçam com os golpistas em vários estados, inclusive nas Minas Gerais, onde a impichada é candidata…

Na mídia sobrepassa esta aberração, com jornalistas cinicamente ideológicos fazendo das entrevistas inquisições, como se assistiu na defunta “Roda” da TV-Cultura com o presidenciável Jair Bolsonaro e a vergonhosa sessão mediúnica do Sistema Globo baixando o espírito de Roberto Marinho para se desmentir de posição assumida em vida…

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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