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Heranças Malditas

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Os brasileiros pensantes estão divididos em dois grupos principais: os que já estão planejando as exéquias da Esperança que está na UTI, e os cabeças duras, entre os quais me coloco, que adotaram a consigna de Eduardo Campos “Não Vamos Desistir do Brasil”.

Ambos navegamos à deriva, enfrentamos juntos as gigantescas ondas dos sucessivos escândalos que escalpelam o mar de lama lulo-petista, ameaçando submergir o arquipélago dos tradicionais valores democráticos e republicanos.

O primeiro grupo, dos hesitantes, remedia a febre da indignação e da revolta combatendo os sintomas, sem pesquisar a causa do amoralismo criminoso do PT e dos seus sabujos empenhados na caça ao tesouro nacional.

Do outro lado, construímos a resistência pelo modelo da Arca de Noé, onde cabem todos que quiserem se salvar do dilúvio. O madeirame usado neste barco da resistência é a História do Brasil, que ensina as lições do antigo patriotismo e nos alerta para a sua degenerescência.

Está na História o que falta a muitas pessoas honestas que defendem a Petrobras sem se afastar do sentimento que já não tem o significado patriótico do passado, das lutas do povo brasileiro do “Petróleo é Nosso”. Abrindo os olhos, veriam que aquela Petrobras dos primeiros anos a partir de 1950 foi dilapidada pelos pelegos da hierarquia lulo-petista.

A exaltação ideológica também leva muita gente de volta ao passado.  Está enraizada nos corações e mentes dos que lutaram ainda jovens pela soberania e a independência econômica do Brasil, sedimentando sua formação intelectual.

Sei muito bem disso, pois sofri para me livrar do entusiasmo ufanista que mexeu comigo na adolescência. Meu pai foi um dos ativistas no Centro de Defesa do Petróleo e da Economia Nacional, ao lado dos escritores Monteiro Lobato e Graciliano Ramos, da líder feminista Alice Tibiriçá, e dos generais Estêvão Leitão de Carvalho, Horta Barbosa, José Pessoa e Leônidas Cardozo.

Na porta do nosso apartamento havia um afixe de madeira, artesanal, com o mapa do Brasil e uma torre de petróleo, com a frase do cacique guarani Guairacá, desafiando o invasor espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca, com a frase: “co ivi oguereco iara!” – “Esta Terra Tem Dono!”.

Papai era neto de uma índia guarani, paraguaia, que meus primos mais velhos conheceram e chamavam “Vovó do Morro”. Foi uma brava mulher que enfrentava os amigos militares do meu bisavô, como o futuro marechal e presidente Floriano Peixoto. Ela se afastava dele e nunca lhe apertou a mão, comentando: – “Pode ser que tenha sido a mão dele que massacrou a minha família…”

O grito de guerra “co ivi oguereco iara” se entranhou na nossa família, como uma herança maldita. Não me arrependo das lutas passadas, mas me penitencio hoje ao ver que entregamos a soberania nacional aos apátridas do bolivarianismo e a Petrobras à ambição desmedida de uma organização criminosa.

Outra herança maldita emprenhada na minha geração é a revolução cubana, traída pelo oligarca Fidel Castro. O Movimento 26 de Julho levantou as bandeiras da independência e da liberdade, mas conquistando o poder submeteu-se à URSS, à China e até a Albânia, para engordar as contas bancárias dos hierarcas do partido único, hegemônico. E, muito pior, sufocou a liberdade instituindo fuzilamentos, torturas e prisões políticas dos opositores.

Há ainda quem se iluda e visite romanticamente a Ilha em excursões programadas, e encucado pela propaganda, vê nas ruínas de Havana – que era exaltada como a “Pérola do Caribe”- as desgraças do imperialismo e o boicote dos EUA.

Outra página do testamento que nos foi legado trouxe-nos a degeneração patológica da violência, com as manifestações estudantis de 1968. Em Paris, os fogos de artifício da Utopia encantaram os inconformados pelo fim melancólico da URSS e o soterramento do socialismo real sob os escombros do muro de Berlim.

Não somente os homens e mulheres de mente aberta fomos reconhecidos em testamentos malignos. Para os que confundem neurose coletiva com ideologia “de esquerda”, chegará a papelada de doação e a chave de onde estará o prêmio do seu culto à idiotice. É a prenda ofertada pelo apodrecido regime narco-populista do PT, através de Lula, o pelego da Volkswagen e informante do DEOPS, e a terrorista de R$1,99, Dilma Rousseff.

A “bolsa post-mortem” dos iludidos militantes encontra-se numa espécie de IML, com cadáveres insepultos dos assassinados e o entulho da contabilidade maquiada que distorceu a economia e escondeu as roubalheiras do lulo-petismo. É a herança maldita “deles”, pagamento póstumo de uma ilusão que morreu.

Miranda Sá

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