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Farra lisboeta de Dilma – A gota d’água

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.b )

As desastradas e mentirosas versões para a farra portuguesa da delegação brasileira ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, foram a gota d’água que derramou para todo e sempre o copo da credibilidade do PT-governo.

Em vez de uma instituição republicana, o Brasil é um sindicatão com uma diretoria inconfiável. No episódio da “escalada obrigatória” em Portugal a pelegagem lulo-petista se desmoralizou completamente.

O imbróglio envolveu Ministério da Comunicação Social, da jornalista Helena Chagas, que inoportunamente saiu-se apressada com a primeira versão da necessidade de uma “parada técnica”, e pelos ministros da Defesa, Celso Amorim, que falou pela Aeronáutica sobre a exigência do reabastecimento e o Chanceler Luiz Alberto Figueiredo, dizendo que a decisão de parar em Lisboa só foi tomada “no dia da partida” da Suíça por causa do mal tempo.

Os três foram desmentidos bombasticamente. A visita estava programada e a prova foi a reserva antecipada de quarenta e cinco apartamentos para Dilma e sua comitiva; o avião presidencial tem autonomia de vôo, segundo a Airbus; e, o ministro do Exterior teve a contradita do governo português que sabia da visita de Dilma desde o dia 23 de janeiro.

Além do mais, o problema revela uma velha prática da totalitária seguida pelo lulo-petismo: A agenda da presidência é sigilosa, por questões de “segurança nacional”.

É antidemocrático tratar como segredo de Estado a inconseqüente recreação do desembarque em Lisboa para um fim de semana lúdico, com hospedagem nos luxuosos hotéis Ritz e Tivoli e jantar num dos restaurantes mais badalados da cidade.

A oposição parlamentar, do PPS e PSDB considerou a situação um “mau exemplo”, pela escamoteação da informação e a sorrateira omissão dos gastos com diárias em hotéis e do jantar. Registre-se que a diária numa suíte do Ritz custa R$ 26 mil.

Ocorre que a oposição chega tarde para protestar na carnavalização das viagens de Dilma e sua corte.

Em abril de 2011, quando Dilma foi à China, teve também uma “escala obrigatória” em Atenas, onde passou 24 horas com um dispêndio de R$ 244 mil (R$ 9 mil por hora); e na volta, a “parada técnica” foi em Praga e custou R$ 75 mil.

No mesmo ano, em dezembro a Presidente esteve em Cannes para uma reunião com chefes de Estado e em março do ano passado acompanhamos a piedosa peregrinação ao Vaticano para assistir à missa celebrada pelo recém-eleito papa Francisco.

Em Roma, ostentou luxo hospedando-se num faustoso hotel da capital italiana e pagou R$ 204 mil somente no aluguel de 30 veículos da Roma Vip Limousine; e de lá foi ao funeral de Hugo Chávez. De Roma a Caracas não necessitou de “escalada obrigatória” apesar do percurso ser maior do que o de Zurich a Havana.

Como agora o “segredo de Estado” vazou, deixou Dilma baratinada, como se viu na confusa entrevista que deu, em que focou o jantar em Lisboa no elitista Eleven, com o ilusionismo do pagamento da conta, dizendo que “cada um pagou a sua despesa com cartão pessoal.”. Esqueceu-se de acrescentar “corporativo”.

Ninguém pode desmenti-la, porque os gastos de Dilma e assessores são confidenciais, um segredo de Estado imposto pelo Ministério das Relações Exteriores, desde a publicação de que as despesas da presidência com viagens entre 2011 e 2012, atingiram R$ 11 milhões.

A rede de imposturas e de exageros na dissipação do dinheiro público pode até continuar e se manter, mas só iludirá quem quiser ser iludido ou tiver interesse nisto. Da minha parte, guardo o ensinamento de Abraham Lincoln: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo.”

Miranda Sá

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