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EQUILÍBRIO

MIRANDA SÉ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio, você deve continuar se movendo” (Einstein)

Somente Einstein conseguiria definir o Equilíbrio inteligivelmente, ao alcance de todas as pessoas, de instrução superior ou de absoluto primarismo cultural. Mostra que para se alcançar o equilíbrio e conquistar qualidade de vida faz-se necessário seguir na busca de novos conhecimentos e realizações.

É preciso ver o Equilíbrio como movimento. Aprender com a Natureza, que mesmo na placidez das florestas e na calmaria dos mares não fica parada, mas em eterno movimento.

Vamos bem longe para encontrar o filósofo e escritor chinês Lao Zi, que por volta do século VI a.C. ensinou no seu livro “Tao Te Ching” que todas as coisas vivas ou aparentemente inanimadas são regidas por forças opostas que se complementam em um movimento constante.

Lao Zi, literalmente em chinês “Velho Mestre”, observando as coisas existentes na Natureza, concluiu que o ser humano nos intervalos da luta pela sobrevivência, busca o “tao” – equilíbrio –, caminho que o leva à felicidade.

O taoísmo sintetiza este conceito filosófico com o Yin Yang, as duas esferas que simbolizam a ideia de energias opostas e complementares. A intersecção dos opostos Yin e Yang, como as duas faces de uma moeda, trazem gravado em si o seu contrário.

O Yin significa a escuridão, representada do lado pintado de preto; e o yang é o adverso, o lado branco representando a claridade. Cada uma destas figuras manifesta contradições: masculino e feminino; espírito e matéria, o bem e o mal. São também descritos como a lua e o sol, configurando o equilíbrio e a harmonia universais.

Para os interpretes do Yin Yang, a luz do sol é uma energia luminosa intensa, enquanto a luz refletida na lua é mais fraca. Na divergência, ambas representações astrais coexistem, se completam e se movimentam em perfeito equilíbrio.

Pelos exemplos concretos observa-se que a teoria taoísta do equilíbrio pelo movimento nada tem de sobrenatural e muito menos místico; norteia homens e mulheres a evitar a imobilidade física e mental.

O exercício corporal deve se aliar à reflexão, devendo-se analisar a realidade e não se algemar nas convicções assumidas à primeira vista. Ambos exortam a busca do novo em tudo o que ocorre no cotidiano.

É inaceitável o preceito do “sempre se fez assim” como argumentam os preguiçosos cerebrais. Nos nossos comentários políticos, ouvimos a toda hora alguém nos mandar a olhar fatos passados para justificar os casos presentes que criticamos. É o movimento retardado da estupidez.

Na conjuntura em que vivemos, vigora o desequilíbrio provocado pela dualidade da pandemia do novo coronavírus e do governo negativista. Assim, o vírus mortal encontra aliados entre os religiosos dogmáticos e os antigos leitores da cartilha do Pentágono sobre “guerra fria”; os primeiros se entregando à misericórdia divina e os outros, alarmados com o fantasmagórico perigo comunista.

Esperamos pacientes para ver até quando vai durar a política necrófila do capitão Bolsonaro apoiada somente pelo obscurantismo de pastores evangélicos politiqueiros, no supersálario dos militares de pijama e na impunidade dos vigaristas que dominaram o Ministério da Saúde durante a pandemia.

É o movimento silencioso da ampulheta da História, marcando grão a grão o tempo de perdurar a Era Doentia da pandemia e da nefasta política funesta e corrupta.

A procura dos patriotas pelo equilíbrio visa libertar o Brasil do mal, reservando vagas para quem quiser quebrar as algemas da enganação, aprendendo com William Blake que “quem nunca altera a sua opinião é como a água parada, e começa a criar répteis no espírito”.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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