Categorias: Artigo

DOMINÓ

Miranda Sá (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

De origem antiqüíssima e por demais conhecido, o jogo de dominó foi um passatempo familiar durante muito tempo no Brasil. Pesquisadores dizem que surgiu por volta de 250 a.C. na China, e que seu inventor foi o soldado Hung Ming, que dedicou o jogo ao  imperador Hui Tsung, adepto do ludismo.

É chamado no Oriente de “kwat p´ai”, extraído do ideograma “tabletes de osso”. Foi na Europa que recebeu o batismo de Dominó pelos padres que o jogavam, porque o vencedor expressava em latim “domino gratias!”, o que significa “graças a Deus”.

O jogo atravessou o Atlântico com os portugueses, vindo para o Brasil no século 16, e aqui adquiriu enorme popularidade em todos os meios, dos escravos à nobreza. Ainda se joga dominó no mundo inteiro, principalmente na América Latina.

O dominó tem 28 peças, divididas ao meio com pontos de zero a seis, indo do zero mais zero até o seis mais seis numa ordem que vai do zero e zero, zero e um, um e um, zero e dois, um e dois, dois e dois, e assim por diante até o seis e seis.

Além do jogo de estratégia, dito “profissional”, os americanos que adoram competições, inventaram uma disputa que consiste em derrubar as peças colocadas em pé, uma atrás das outras numa longa e diferenciada seqüência, sendo que ao se derrubar a primeira, esta derruba a seguinte e enfim prostrando todas de  uma a uma.

Fazem-se arranjos geométricos com milhares de pedras, e, segundo o Guiness Book, o recorde de derrubada é de 30.000 pedras. A disputa para quebrar recordes é imensa, orgnizando-se festivais, campeonatos e até sites na Internet.

Pela semelhança, as situações como a do jogo são chamados de “efeito dominó” ao ocorrerem quedas em série, levando a uma derrubada final. Na guerra do Vietnã houve uma estratégia militar do estado maior dos EUA batizada de “efeito dominó”.

O Pentágono decidiu entrar no conflito contra o vietgong, temendo que a luta de independência dos vietnamitas se espalhasse pelos países vizinhos, acarretando um desequilíbrio geopolítico com a URSS proporcionando graves efeitos na “guerra fria”.

Assistimos no Brasil um “efeito dominó” que está levando o lulo-petismo em queda abaixo do volume morto da política nacional. As pedras erguidas com a ascenção do PT caem uma a uma, a partir da debandada dos intelectuais e políticos honestos que fundaram o partido, e se decepcionaram com o exercício do poder de Lula da Silva.

Lula, como presidente, banalizou a prática da pelegagem sindical no Pais. Institucionalizou-a, levou-a ao Congresso, aos partidos e aos movimentos e organizações populares; fez e estimulou jogadas de jogo duplo, dos dossiês, das mamatas e das cooptações pelo apelo “ideológico” ou pela compra deslavada de corruptíveis.

A corrupção disparou com os sanguessugas do Ministério da Saúde e chegou à ruina da Petrobras. E ainda falta abrir a caixa preta do BNDES. Assim, a divergência entre petistas se acentuou e cresceu, com os que abriram os olhos repugnando a bandalheira dos pelegos corruptos e a incompetência governamental para cumprir o programa partidário e as promessas eleitorais.

Sentindo-se traídos e iludidos, os militantes decentes se afastam, deixando o governo e o partido sob controle de hierarcas amorais; estes, para se manterem, cercam-se de carreiristas e oportunistas de todo tipo. O que escrevo é negado pelos fanáticos, mas é o próprio Lula, tirando dos ombros o fardo da responsabilidade, quem diz.

Discursando num seminário patrocinado pelo seu Instituto, que está debaixo de suspeição e com seu presidente convocado pela CPI da Petrobras, o Pelegão falou: “O PT perdeu parte do sonho, da utopia”.

E com o cinismo que lhe é peculiar acrescentou: “Hoje, a gente só pensa em cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito.”

Faltou dizer que os lulo-petistas só pensam em criar consultorias para assaltar os cofres públicos e receber propinas. Faltou-lhe autocrítica para assumir que o congresso do PT foi esvaziado e que o povo não mais tolera o seu governo, mentiroso, incapaz e corrupto.

Da nossa parte, vemos as peças da organização partidária sendo derrubadas e esperamos a queda do zero mais zero, ele, Lula, caindo na prisão pelo envolvimento no Petrolão e outros mais. É o efeito dominó da Justiça que estamos assistindo.

Miranda Sá

Compartilhar
Publicado por
Miranda Sá

Textos Recentes

DAS BALANÇAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Um tuiteiro postou outro dia a foto de uma Balança antiga, de dois pratos e sua…

1 de dezembro de 2025 22h12

DOS MORTOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Fui provocado pela crônica "A Sofisticação da Simplicidade!" do intelectual gaúcho José Carlos Bortoloti, citando a…

24 de novembro de 2025 9h16

DAS COINCIDÊNCIAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br) A vida é cheia de coincidências; mas as coincidências que encontramos nos círculos políticos são exageradas.…

18 de novembro de 2025 19h44

DA VIDA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Recebi msg de um colega do ‘X’, leitor das minhas postagens, perguntando-me a razão que me…

14 de novembro de 2025 19h08

DA CONTRADIÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) A Dialética de Hegel reinterpretada por Marx e Engels, tornou-se materialista, isto é, sai do campo…

5 de novembro de 2025 20h36

DO FANATISMO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Desde que passei a divulgar os meus textos, artigos, comentários e crônicas, tenho repetido uma definição…

28 de outubro de 2025 18h21