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DISCURSO

MIRANDA SÁ (Email: Mirandasa@uol.com.br)

“Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela intolerância. Eu não substituo a fé pela superstição, e a realidade pelo ídolo”. (Ruy Barbosa)

Parece que foi ontem que o “Diário do Rio” voltou às bancas e nós lemos um artigo de Machado de Assis com o trecho: “Não podemos furtar-nos a um sentimento de tristeza, vendo o estranho abuso que se faz da ficção constitucional, em virtude da qual o príncipe vem repetir uma série de falsidades e lugares comuns. E o governo nem sempre se limita às inexatidões; vai às vezes até as proposições absurdas e extravagantes”.

Essas palavras foram escritas há 147 anos, mas se coaduna com o pensamento nacional, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Realmente entristece aos brasileiros o abuso da representante do lulo-petismo prevalecendo-seda autoridade do cargo para repisar os clichês da terminologia partidária com absurdos e extravagâncias.

Faltou-lhe a dignidade de responder ao candidato da união nacional das oposições, Aécio Neves, que lhe desejou bons presságios no seu novo mandato. Até Pezão, eleito governador do Rio de Janeiro, tido como um ignorantão referiu-se ao adversário com palavras amáveis…

Vieram, depois, mais coisas dignas de crítica a quem traz, como a reeleita, o reprovável DNA lulista. Nas palavras iniciais fez um chamamento à união, como se os brasileiros se esquecessem facilmente que ela dividiu a Nação entre “nós” e “eles”, repetindo como um ventríloquo as provocações do seu mentor, o pelegão Lula da Silva.

Dilma falou de “diálogo”, palavra nada usual no vocabulário do seu partido autoritário. Qual o diálogo com quem traz no programa proposta para o controle da imprensa e disciplinamento dos jornalistas? E tem mais: se dispôs a buscar “um futuro melhor para o País”– depois de doze anos ocupando o poder.

Os “jornalistas” da TV-Globo esconderam, mas neste ponto a oradora foi interrompida por um coro unânime de “Fora a TV-Globo!”. Após a depredação da sede da revista Veja, em plena campanha, a histeria dos seus seguidores trazem o prenúncio do que já ocorreu na Venezuela “bolivariana” e do modelo cubano, onde os blogueiros são perseguidos e presos.

Que futuro podemos esperar de Dilma com sua folha corrida à frente do governo? Não nos deixaremos enganar pela propaganda falaciosa do “novo governo” e “idéias novas”, slogan mal digerido até pelos seus adeptos com escolaridade por soar falso. Uma oposição a si própria.

Reconduzido à presidência, o Poste desenergizado de Lula também falou em “mudança” e de “reforma política”. Qual mudança ética se pode esperar de quem está na lista dos envolvidos na delação premiada do doleiro Yousseff, e silencia sobre as propinas distribuídas entre os aliados pelo tesoureiro do PT?

Quanto à reforma política, referida na oração comemorativa da vitória nas urnas, já se sabe qual é: uma réplica dos narco-populistas latino-americanos. Uma constituinte exclusiva para desprestigiar o Congresso Nacional e um plebiscito para instalar o poder dos “conselhos populares”, tentáculos do partido hegemônico da falsa esquerda brasileira.

Difícil acreditar nas promessas lulo-petistas e no compromisso de Dilma assumidos perante a platéia de fanáticos e retransmitido pelas emissoras de televisão. Obrigou-se a combater a inflação e avançar no terreno da responsabilidade fiscal…

Ninguém melhor do que um petista sabe que palavras o vento leva, e o discurso, para a massa ignara, entra por um ouvido e sai pelo outro (se é que o som se propaga no vácuo).

Nunca é demais repetir e lembrar a verborragia de Lula desmentindo a si próprio, primeiro pedindo desculpas, e depois afirmando que o Mensalão era uma farsa. Olhem que naquele tempo tínhamos um Joaquim Barbosa na presidência do STF, íntegro, e que rendia ao culto do Direito Positivo.

Neste segundo mandato conquistado duramente com a oposição por 51,64% (54.501.118 votos) contra 48,36%, 51.041.155 votos, espera-se que além da logorréia discursiva, siga em frente o processo do Petrolão. Que não seja tratado como intriga da imprensa golpista ou da oposição raivosa.

Cinqüenta milhões de patriotas brasileiros querem salvar – se ainda há tempo – a Petrobras, privatizada pela quadrilha de partidos corruptos e empreiteiras corruptoras.

Miranda Sá

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